David Mourão Ferreira morreu há 20 anos.
Poeta, romancista, novelista, contista, dramaturgo. Mas também ensaísta, cronista, tradutor, crítico literário. E professor. David Mourão-Ferreira (1927-1996) tinha “o ofício de escreviver”, expressão inventada para condensar toda a existência: precisava de viver para escrever e de escrever para viver. Das múltiplas linguagens que experimentou, a poesia foi a que mais o tornou conhecido e reconhecido: apesar de ter explorado outras temáticas como a obsessão da morte e a angústia de existir, ficou o poeta do amor – e da sensualidade.
No poema “Jogo de Espelhos”, escreve que a mãe o ensinou a ler e o pai, a contemplar.
Nas brincadeiras da infância fazia jornais e peças de teatro. Depois, vem a fase dos romances que nunca chega a terminar.
Existe em David amor pela escrita, mas não tivesse Agostinho da Silva convencido a família que o destino do jovem era seguir literatura, e teria ficado preso a um curso de Direito, tão ao gosto dos progenitores.
A aventura da poesia, começa com a publicação do livro “A Secreta Viagem”, celebração ainda adolescente do corpo, do erotismo e do amor. Seguiram-se poemas e contos, como “Cancioneiro de Natal”, “As Quatro Estações”, “Os Amantes” e “Matura Idade”, entre muitos outros traduzidos e aclamados.
Avesso a movimentos ou a correntes, rejeita o neorealismo e o imediatismo da inspiração, e tem em José Régio , Almeida Garrett, Octavio Paz e T. S. Eliot, figuras de inspiração e referência na sua formação clássica.
Até à publicação de “Um Amor Feliz”, romance tardio, aos 59 anos, David Mourão-Ferreira encontra o fado e leva para a voz de Amália os seus poemas.
Fonte: Ensina RTP
Poesia
- 1950 – A Viagem
- 1954 – Tempestade de Verão (Prémio Delfim Guimarães)
- 1958 – Os Quatro Cantos do Tempo
- 1961 – Maria Lisboa
- 1962 – In Meae
- 1962 – ou A Arte de Amar
- 1966 – Do Tempo ao Coração
- 1967 – A Arte de Amar (reunião de obras anteriores)
- 1969 – Lira de Bolso
- 1971 – Cancioneiro de Natal (Prémio Nacional de Poesia)
- 1973 – Matura Idade
- 1974 – Sonetos do Cativo
- 1976 – As Lições do Fogo
- 1980 – Obra Poética (inclui À Guitarra e À Viola e Órfico Ofício)
- 1985 – Os Ramos e os Remos
- 1988 – Obra Poética, 1948-1988
- 1994 – Música de Cama (antologia erótica com um livro inédito).
- 1954 – letra para Amália Rodrigues " Barco Negro"
Ficção narrativa
- 1959 – Novelas de Gaivotas em Terra (Prémio Ricardo Malheiros)
- 1968 – Os contos de Os Amantes
- 1980 – As Quatro Estações (Prémio Associação Internacional dos Críticos Literários)
- 1986 – Um Amor Feliz (Romance que o consagrou como ficcionista valendo-lhe vários prémios)
- 1987 – Duas Histórias de Lisboa
Outras
- 1961 – Aspectos da obra de M. Teixeira Gomes
Multimédia:
- "A Vida Breve" – Poema "Certidão de Nascimento"
- David Mourão-Ferreira, "poeta do amor e da sensualidade"