Não há muitos grupos musicais no mundo com uma atividade ininterrupta ao longo de 45 anos. Os UHF sopraram as velas sobre o seu primeiro concerto a 18 de novembro de 1978 — e festejam com um disco novo. «Era tão irreal que nunca me passou pela cabeça que aquilo ia durar um ano ou dois», diz, a propósito, António Manuel Ribeiro, único membro da formação original.
«Chegar aqui foi uma caminhada, não foi um escorrega num parque aquático, por vezes até foi duro, e sempre muito exigente. Mas a exigência deve começar por nós», acrescenta. «Continuo a desenhar modelos/tipos sociais, como aprendi em Gil Vicente, nesta mediocridade democrática onde todos flutuam cansados, habituados a viver habitualmente.»
Este disco é como um espelho, faz pensar; esquecer não é uma boa solução. «Sou obsessivo a escrever, não há palavras a mais para encher ou rimar», prossegue, e conclui: «Escrevo sobre nós, o que vejo nem sempre é bonito, antes sórdido, triste e automático». Haverá uma nova via para a canção de intervenção? E sobre o amor adulto, ainda há rimas?
“Novas Canções de Bem Dizer” dos UHF, é um disco irónico, certeiro e sacana. Este disco é uma revelação. Para além dos já editados singles “(Hey! Hey!) Bora Lá”, “A Primeira Noite Sem Ti” e “Eu Vou Ao Norte”, existem mais 8 temas a serem escutados com atenção.