“O único crime que cometemos foi deixar que a liberdade se tornasse numa coisa assustadora
irmos duas vezes por semana ao ikea
pedir auxílio a um especialista em escalada
não a um técnico da função pública
para abrir caminho sobre o medo”.
“Revolution (título provisório)” é o título definitivo desta cocriação da ASTA, Baal17, d’Orfeu AC e O Teatrão. 16 intérpretes, entre atores e músicos, sobem ao palco para celebrar os 50 anos da revolução portuguesa do 25 de abril. Os textos de Tiago Alves Costa e encenação de Gonçalo Guerreiro propõem uma sucessão de cenas e momentos musicais que desafiam o espectador a pensar no caminho que fizemos de 1974 até hoje. Aparece-nos um homem que vende revoluções, ajudam-nos a fazer uma formação de iniciação do grito ou podemos conhecer um lugar turístico chamado utopia.
Se pensarmos no Teatro do Absurdo e em como a existência humana no presente parece desprovida de sentido, quando comparada com os projetos que nos mobilizaram há décadas atrás, começa a vislumbrar-se o cerne de “Revolution (título provisório)”. Num mundo em que tudo está à venda, propõe-se uma revolução em inglês, para chegar a todo o lado, e uma reflexão sobre a necessidade de mudar o rumo das democracias atuais que, entre um aceleracionismo delirante e ciclos políticos sem reformas estruturantes, inibem a ideia de futuro.