Na segunda semifinal do Festival da Canção, este sábado (2 março), as atuações estiveram a cargo de Buba Espinho, Cristina Clara, Leo Middea, Filipa, João Couto, Huca, No Maka ft. Ana Maria, Maria João, Rita Onofre e Silk Nobre. Reveja todos estes momentos abaixo.
Canção n.º 1: Buba Espinho, “O Farol”
O amor paternal, na voz do cantautor de Beja, deu arranque à cerimónia. “Estamos habituados a fazer concertos de 1h30 que contam histórias, [enquanto no Festival], a interpretação tem de ser feita toda em três minutos”, comentou Buba Espinho na conferência de imprensa, recordando o processo de afinar as posições das câmaras e encontrar os movimentos adequados a cada palavra. “O Farol”, matizado a verde, do cenário de fundo à indumentária.
Canção n.º 2: Cristina Clara, “Primavera”
“Escolhi a canção no momento do convite, era o que fazia sentido e que me representa. Em três minutos, é impossível representar o nosso trabalho”, afirmou Cristina Clara à imprensa. “Trata-se sobretudo de trabalhar a interpretação, o cenário e as parcerias, como passamos a mensagem – tem de ser sincero.”
O tule lilás e os arranjos florais denunciam a missão de Cristina Clara para a segunda semifinal: ser “encorajadora sem querer ser presunçosa”. Se esta canção “fosse um cheiro, seria jasmim”, disse a cantautora, a propósito de “Primavera” – que se anuncia ao soar das guitarras e dos adufes, contando ainda com uma secção recitada. “Apuramos a performance, o palco, as pessoas, a equipa.
Canção n.º 3: Leo Middea, “Doce Mistério”
Foi em 2017, ano da vitória de Salvador Sobral na Eurovisão, que o cantautor brasileiro chegou a Lisboa. Desde então, dedicou-se à “música de coração aberto”, de que “Doce Mistério” é mais um testemunho (incluindo o verso “Tua beleza é rara como o disco ‘Bicho’ de Caetano”).
Exatamente um dia a seguir à sua composição, recebeu o convite para o Festival da Canção. Uma coincidência “mística”, como disse na conferência, que traduziu o arranjo orquestral e a boa disposição numa performance alegre e enérgica.
Canção n.º 4: FILIPA, “You Can’t Hide”
Não há esconderijo possível, avisa FILIPA no quarto número desta semifinal, e é mesmo pela frontalidade que se pauta.
“Não vim com uma canção tradicional e posso ser criticada porque não é em português, mas não se pode agradar toda a gente.” Pop de recorte eletrónico, pulsante e noturna, é a proposta da artista sul-africana em “You Can’t Hide”.
Canção n.º 5: João Couto, “Quarto para Um”
Se pop é palavra de ordem no Festival, o adjetivo com que João Couto prefere complementá-la é “desavergonhada”. Está na cara, nos figurinos cromados e na coreografia contagiante, ainda que o processo de composição nos pudesse mostrar um João “mais recatado”. Pop sintética e orelhuda, não à escala de um quarto mas talvez de um estádio.
Podem chamar-lhe um regresso: João Couto já esteve por estas bandas em 2019, como intérprete de “Jantar”, de S. Pedro: “Da última vez tirei negativa, portanto vim à época de recurso”, disse na conferência deste sábado. Desta feita, é a sua própria canção e uma visão comprometida consigo mesmo. “Queria ser o David Byrne, queria ser a Lorde… Queria ser tudo ao mesmo tempo.”
Canção n.º 6: Huca, “Pé de Choro”
Huca, concorrente do The Voice Portugal 2021, declara neste tema uma “vontade imensa de chorar a ausência, mas também de celebrá-la como ela era. Celebrar a vibração, um olho que chora, uma anca que balança”.
Com “Pé de Choro”, o músico endereçou uma “carta de amor e celebração” não só a Sara Tavares – evidente pelas referências ao álbuns “Mi Ma Bô” e “Balancê”, entre tantas expressões do seu universo – mas a todo o público.
Canção n.º 7: No Maka ft. Ana Maria, “Aceitar”
Por detrás de um vestido cintilante e de uma cidade a anoitecer, esta canção guarda “o cheiro da casa da avó”. Foi assim que os No Maka – dupla formada pelos lisboetas Duarte Carvalho e Emanuel Oliveira – apresentaram à imprensa o tema “Aceitar”, com a participação de Ana Maria, artista de 17 anos.
Uma balada que desabrocha, com um jogo de palmas e uma mensagem de saudade e superação.
Canção n.º 8: Maria João, “Dia”
Maria João resumiu a experiência do Festival numa palavra: “Frenesim. Nunca mais chegava o dia, quero ver o que acham!” A segunda semifinal foi o aguardado alívio para aquela que é uma das mais renomadas cantoras de jazz de Portugal.
Mas aceitar este convite significou trabalhar um formato mais reduzido de cnação: três minutos. “Não sei o que é uma música para festival. Quero fazer a música que eu amo”, o que se materializou num tema eletrónico, percussivo e alegre, embrulhado com um laço gigante. “As coisas profundas vêm depois: agora, ‘por favor, não te estampes com os saltos altos, não torças um pé’.”
https://www.youtube.com/watch?v=g2u6UZSgsBsr
Canção n.º 9: Rita Onofre, “Criatura”
Entre uma “bola de alegria no peito” e o “excitamento de criança”, Rita Onofre colheu o que semeou com a sua canção, que triunfou pelo regime de livre submissão. Ritmo moderado, pop de guitarra trinada, e um arranjo expansivo de vozes constroem “Criatura”.
“É assustador e lindo estar entre este grupo de artistas. Queria estar sozinha em palco para crescer fisicamente”, disse à imprensa, descrevendo a sua atuação como “muito virada para a câmara.”
Canção n.º 10: Silk Nobre, “Change”
“Change” é o cantor, ator e encenador Silk Nobre a querer “comunicar com uma massa que tenha espírito crítico, não só entretenimento”. Há um sentido de comunhão quase gospel neste tema, que sublinha “o papel da música”, isto é, “unir as pessoas sobre esta coisa que é sagrada para nós.”
Nunca só em palco, rodeia-se de uma comunidade e espera alargá-la ao mundo todo. No mínimo, sobre o mundo eurovisivo: “Descobri uma comunidade nova que desconhecia, com um espírito crítico muito grande. a sensação é de lançar um disco inteiro”.