TOZÉ BRITO CELEBRA 50 ANOS DE CARREIRA
NOVO DISCO “A MEMÓRIA DO AMOR” EDITADO A 16 DE FEVEREIRO
Tozé Brito esteve na Antena1 onde falou com António Macedo e cantou duas canções do seu novo trabalho:
“A Memória do Amor” é o disco que vem celebrar 50 anos de carreira de um dos mais consagrados autores nacionais.
O disco “A Memória do Amor” está disponível a partir de 16 de Fevereiro e tem 11 canções. Nas palavras de Tozé Brito, este é um trabalho “simples, despretensioso, despido de arranjos, onde tentei registar a minha voz tal como ela é aos 66 anos, praticamente sem overdubs, reverberacão, compressão ou auto tunning, como se me estivessem a ouvir ao vivo, em casa, entre amigos. Gostei desta simplicidade de processos e da honestidade com que todos participámos e sentimos este álbum, um álbum de canções de amor de uma espontaneidade e ingenuidade que as impede de serem cerebrais. Têm por isso a simplicidade de um grande amor. É acima de tudo um álbum que gravei a pensar em todos aqueles que são o filme e a banda sonora da minha vida, que me acompanharam nos bons e nos maus momentos, a quem devo o que sou e a minha inspiração. É um tributo ao amor, à amizade e ao respeito, um álbum dedicado a quem segue estes valores supremos.”
Com centenas de canções escritas, Tozé Brito tem dado palavras às vozes e interpretações de nomes como Adelaide Ferreira, Ana Moura, Anjos, Carlos do Carmo, Cuca Roseta, Doce, Eugénia Melo e Castro, Fábia Rebordão, José Cid, Lúcia Moniz, Marta Plantier, Paulo de Carvalho, Ricardo Ribeiro, Simone de Oliveira, Victor Espadinha, entre muitos outros.
“A longevidade na arte e na cultura, quanto a mim, é a maior prova de qualidade a que podemos aspirar.”
Alinhamento “A Memória do Amor”:
1. Canção do Amor Para Sempre
2. Não Hesitava Um Segundo (com Ana Moura)
3. Olá, Então Como Vais (com António Zambujo)
4. Ser Tudo Para Ti
5. Canção do Adeus Sem Fim
6. Até Amanhecer (com Ana Gomes)
7. Amanhã Vou Dormir o Dia Inteiro
8. Já Se Faz Tarde, Vai
9. Memo (com Pedro Vaz)
10. Eva
11. 20 Anos
A melhor forma de tornar público e de partilhar essa inquietação estará agora nas vossas mãos e ganhou, mais uma vez, um titulo poderoso: A Memória do Amor. O que abarca múltiplos sentidos. O mais óbvio dá conta do acompanhamento, muitíssimo selectivo, entre centenas de canções registadas, do roteiro que Tozé Brito foi traçando desde que se estreou a sério neste universo mágico de que nunca mais saiu. Aconteceu em 1967 e, para termos uma noção real da “distância” percorrida, talvez valha a pena recordar que foi esse o ano em que os Beatles lançaram Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band e em que os Doors e os Pink Floyd se estrearam em LP. No caso deste artista, a canção mais antiga que aqui encontramos vem de 1971, chama-se Amanhã Vou Dormir O Dia Inteiro e foi escrita para um EP do segundo grupo que integrou, o mítico Quarteto 1111 (mais tarde viriam os Green Windows e os Gemini, sempre com contribuições efectivas para o cancioneiro de todos nós). Mas há também os sinais do presente, já apontados ao futuro, os tais sintomas de alguém que continua a gostar do desafio e da aventura – além do prazer que se adivinha –, que se traduzem em dois temas inéditos, agora deixados ao julgamento do público: Ser Tudo Para Ti, outro espelho do lúcido romântico que o escreve e intrepreta, e Até Ao Amanhecer, uma canção em que Tozé convoca, para um dos quatro duetos do álbum, a voz definida e tocante de Ana Gomes, cantora de Braga que, em 2016, lançou o disco Balanço, todo preenchido com cantigas do autor que agora reencontra. Caso para dizer: amor com amor se paga. Quem ganha é quem ouve.
As surpresas não ficam por aqui, muito pelo contrário. A maior de todas estará nisto: seria infinitamente mais fácil a Tozé Brito pegar nas nove canções já anteriormente conhecidas, nalguns casos imediatamente reconhecidas, e reproduzir as versões originais e/ou aquelas que lhes valeram uma indesmentível popularidade. Nada disso: o autor e cantor assume o risco, muito mais apetecível, de, acolhendo-as neste disco, lhes dar a volta – não ao texto mas aos arranjos –, nalguns casos transformando-as em novos objectos de desejo e de deleite. Comecemos pelo fim e ouçamos 20 Anos, um dos ex-libris dos Green Windows, escrita em parceria por Tozé e por José Cid: não a tivéssemos nós cantarolado tantas vezes e talvez não a reconhecessemos de imediato, tal é o trabalho de reinvenção a que fica submetida, na criação de uma alternativa que vai muito além da mera curiosidade. Atente-se, também, no caso da belíssima Não Hesitava Um Segundo: já tinha sido cantada por Tozé, como tema de abertura da colecção … Mas O Mais Importante É O Amor (de 2002) e por Ana Moura no seu disco de estreia, Guarda-me A Vida Na Mão (de 2003). Agora, as duas vozes confluem e acabam por garantir ao tema uma outra intensidade, uma ainda maior dimensão. Em Olá, Então Como Vais?, registada há quase 40 anos por Tozé e Paulo de Carvalho, este cede o seu lugar a António Zambujo, com uma aproximação pessoalíssima e que fica imediatamente validada. Outro dos temas emblemáticos de Tozé Brito, Já Se Faz Tarde, Vai, também de 1979, é mexido e rejuvenescido, sem que nunca se sinta – tal como acontece ao longo de todo o álbum – que estamos diantes de meros “retoques de maquilhagem”, mas antes de novas leituras que desaguam em novos resultados, invariavelmente pautados pelo bom gosto, patente nos arranjos assinados por Pedro Vaz, também chamado a um dueto.
Texto de João Gobern