Um livro publicado há poucas semanas, da autoria de um dos maiores especialistas em migrações, diz que, afinal, a chamada crise de refugiados não é uma crise de números, mas é sobretudo uma crise política. O autor, o académico holandês Hein de Haas, acrescenta que desde o final da Guerra Fria, os políticos ocidentais têm andado a travar uma guerra à imigração.
Eugénia Quaresma, diretora do Secretariado Nacional da Mobilidade Humana e da Obra Católica Portuguesa de Migrações, está muito de acordo com as leituras do autor de “Como Funciona Realmente a Migração”. Em entrevista ao programa “7 Margens”, da Antena 1, a responsável acrescenta, sobre as recentes medidas do Governo para resolver os processos pendentes de regularização de migrantes, que o fim da manifestação de interesse pode ser positivo se estancar a avalanche de processos e a incapacidade de o Estado dar resposta. Mas implica o risco, acrescenta, de aumentar as situações de imigração ilegal e de expulsões do país.
Recusando que as organizações que estão no terreno sirvam apenas para resolver as emergências – como é o caso das pessoas sem-abrigo em Lisboa –, a responsável da Obra Católica diz que o organismo que dirige – que acompanha e estuda o fenómeno migratório a partir da emigração, imigração, refugiados e vítimas de tráfico – quer fazer parte da solução para os problemas que existem. E recusa, em nome da mensagem cristã, o discurso de ódio que a extrema-direita tem promovido em Portugal e na Europa.