Morreu aos 75 anos de idade Fausto Bordalo Dias, um dos nomes canónicos da música portuguesa. Nascido a bordo do navio “Pátria”, que viajava de Portugal para Angola, o cantautor foi responsável pelo disco “Por Este Rio Acima” (1982), inspirado nas viagens relatadas por Fernão Mendes Pinto no livro “Peregrinação”. O seu programa musical e poético, entre os ritmos da música tradicional portuguesa e versos entre o encantamento da viagem e os horrores do alto mar.
Envolvido em projetos musicais desde a juventude, afastou-se brevemente para integrar o movimento associativo estudantil; foi neste meio que se aproximou de José Afonso, Adriano Correia de Oliveira e outros nomes, que o inspiraram a regressar à música. Foi no período pós-25 de Abril que se consolidou no panorama artístico; além dos trabalhos a solo, fundou o Grupo de Acção Cultural – Vozes na Luta (GAC), ao lado de José Mário Branco, Afonso Dias e Tino Flores. Mais tarde, em 2009, reuniu-se com José Mário Branco e Sérgio Godinho para o projeto Três Cantos, que revisitou temas dos três artistas.
Com os discos “Crónicas da Terra Ardente” (1994) e “Em Busca das Montanhas Azuis” (2011), o músico completou a trilogia iniciada em “Por Este Rio Acima”, de título “Lusitana Diáspora”. Outro dos seus discos, “Para Além das Cordilheiras” (1987), incluindo o tema “Foi por Ela”, notabilizou-se ao vencer o Prémio José Afonso.