O desenvolvimento científico da electricidade, ao longo do século XIX, esteve na génese de sucessivas invenções que construíram a história das telecomunicações (as “comunicações à distância”) e do mundo globalizado: primeiro o telégrafo, (1837), depois os cabos submarinos (década de 1850), que ligaram o mundo, seguidos do telefone (1876), a partir do qual se tornou possível a transmissão de voz.
No final do século XIX, a emergência das radiocomunicações e posterior diversificação de aplicações introduziu um novo conceito de comunicação à distância: a radiodifusão.
No contexto português, as primeiras experiências radiofónicas foram protagonizadas por amadores que, associando curiosidade científica e experimentalismo técnico, se dedicavam à montagem de aparelhos que permitiam, por exemplo, difundir concertos musicais gravados.
O potencial da rádio como meio de comunicação de massas evidenciou-se depois da I Guerra Mundial, resultando em boa parte dos processos de inovação decorrentes do conflito e do desenvolvimento industrial explosivo que lhe sucedeu. A partir dos anos 20, a indústria radioelétrica diversificou-se, tornando-se particularmente competitiva e levando os fabricantes a introduzir melhoramentos nas condições de recepção dos aparelhos, reduzindo interferências e ruídos.
As primeiras emissões regulares em Portugal terão sido asseguradas pela Rádio Lisboa, a partir de 1924 (P1AA), através de uma antena instalada no sótão dos Grandes Armazéns do Chiado. O entusiasmo pela radiofusão levou à multiplicação de emissores particulares, alguns de dimensão muito reduzida e que essencialmente transmitiam música gravada e palestras. Os diferentes equipamentos eram anunciados em revistas da especialidade, como a TSF em Portugal e Rádio Ciência, e o seu potencial demonstrado em exposições de radioelectricidade ou mesmo através de emissores ligados a Companhias nesta área.
Apesar da multiplicação de emissores e da crescente adesão à rádio, o custo elevado dos aparelhos receptores só os tornava acessíveis a um público muito reduzido, contando-se pouco mais de 16 000 no País em 1933.