Este sábado (22), nos estúdios da RTP, decorreu a primeira semifinal da edição de 2025 do Fesitval da Canção. Entre as dez canções a concurso, o júri, composto por iolanda, Fábia Rebordão, Kady, Margarida Pinto Correia, Martim Sousa Tavares, Tiago Nacarato, Miguel Ribeiro, “Calafrio”, de Jéssica Pina, “Tristeza”, de JOSH, “A Minha Casa”, dos Marco Rodrigues, “Ninguém”, de Bluay, “Eu Sei que o Amor”, de Margarida Campelo, e “Adamastor”, de Peculiar, são as que vão rumar à final (que será disputada a 8 de março, após a segunda semifinal a 1 de março).

Uma das grandes novidades desta edição é um cenário completamente renovado que garante uma imersão profunda e um contacto ainda mais próximo entre espetadores e intérpretes. O novo palco está ao mesmo nível do público, contando com pórticos que permitem uma desenvoltura maior nas variadíssimas performances deste ano.
Maria Ferreira, Subdiretora de Música e Artes de Palco da RTP apresenta este novo projeto cenográfico: “Tentamos sempre inovar e ter um look diferente. Este ano temos um cenário que é mais imersivo, dado que o público está ao mesmo nível dos artistas”. “A necessidade da mudança e da evolução renova-se todos os anos. Decidimos dar uma forma nova aos painéis de media e LEDs, precisamos de encontrar novas formas para os artistas percorrem o palco em vez de este servir só de pano de fundo.”, complementa Gonçalo Madail, Diretor de Programas da RTP. A mergulho nas atuações é maior não só do outro lado do palco, mas para os próprios intérpretes.
Os vários espaços do Festival, da Green Room aos estúdios da Antena 1
O palco principal é, sem dúvida, o protagonista da noite, mas o Festival da Canção alastra-se por vários espaços da RTP: na Green Room, Andreia Rocha acompanha a estreia do radialista da Antena 3, Alexandre Guimarães. “A minha relação com a música é muito estreita, sobretudo por causa da minha profissão, mas é a minha primeira experiência em televisão.” Conta com a companhia de Wandson Lisboa, repórter da Green Room desde 2023 que, garante, é “um ótimo guia” neste espaço onde o segredo é “deixar fluir”.
Edmundo Inácio e Diana Castro, comentadores do pós-show da Antena 1 sublinham a importância da Green Room como espaço fulcral onde surge a conexão com outros artistas, para além de amizades que perduram muito além do Festival.
Outro dos pontos de encontro desta emissão é, claro, o pós-show da Antena 1. Noémia Gonçalves conduziu a emissão com o comentário Diana Castro e o estreante Edmundo Inácio. Em estúdio, receberam vários convidados, desde os apresentadores da primeira semifinal aos primeiros seis finalistas, que partilharam em direto a sensação arrebatadora que é passar à final.
Felicidade e alívio são emoções partilhadas pelos intérpretes no nosso pós-show. Margarida Campelo e Jéssica Pina contam-nos que não tinham grandes expetativas de chegar à final, mas cá estão e transportaram o melhor dos seus mundos para o palco. Campelo sublinha o prazer de fazer música com quem se ama, trouxe à performance a mãe Isabel Campelo e as melhores amigas Ana Cláudia, Inês Sousa e Mariana Norton para cantar coros; Jéssica Pina sente que passou a mensagem que queria passar: “A canção tem a ver com as minhas várias influências, desde a world music, o jazz, crescer no Alentejo a tocar música ligeira. Tenho dificuldade em encaixar-me nalgum sítio e quis representar isso”.
Bluay trouxe diversidade ao Festival e diz que esperou muito tempo por este momento. “Estou há 10 anos a namorar esta possibilidade e sinto que precisei de atingir a maturidade e curar as cicatrizes. Esta canção é para todas as pessoas que têm alguma cicatriz, que se estão a habituar a viver em novos corpos ou que são desde sempre diferentes.”
JOSH, que levitou sobre o palco esta noite numa demonstração de ilusionismo, põe a nu uma atuação profundamente física: “Tudo, desde a estrutura até à mais minúscula movimentação da mão está desenhado para ter significado”. Muito feliz com a prestação, declara: I love my performance!
Peculiar, salvo pelo televoto do público, agradece a quem telefonou e confessa a participação por si era um sonho tornado realidade, falando por toda a equipa. “Tentámos invocar a energia e acreditar que o que fizemos é digno e que o público, efetivamente, quer ver-nos mais vezes”. Cita “Monstrengo”, de Fernando Pessoa: “Aqui ao leme sou muito mais do que eu”, deixando o agradecimento a todos aqueles que estão por trás da performance, de coreógrafos a stylists.
Marco Rodrigues sublinha a felicidade do convite, que significou o regresso ao Festival 17 anos depois da primeira participação. Muito mudou, mas “a música é um amor em construção. Ter o Tiago Machado como compositor é um privilégio. Não temos a pretensão de fazer algo diferente, mas algo que nos represente”, assinalou.
Uma montra da música portuguesa em várias texturas, entre várias gerações
Várias gerações são celebradas nesta semifinal. É consensual que tanta juventude na edição deste ano seja positivo, mas há também uma homenagem aos que vieram antes. Exemplo notável é a participação de Isabel Campelo na canção da filha, Margarida. Presença assídua no Festival nos anos 1980 e 1990, regressou para os coros de “Eu Sei que o Amor”: “Trouxe a minha mãe de volta ao Festival, era indispensável que ela estivesse aqui”. Outro regresso é o de Marco Rodrigues, que estivera no Festival há 17 anos, em 2008, com “Em Água e Sal”, com música de Tiago Machado (uma colaboração recorrente) e letra de Inês Pedrosa.
O Festival da Canção afirma-se, ano após ano, como um descortinar do melhor que se faz na música em Portugal. “A cultura em Portugal tem vindo a expandir-se muito, o que me deixa muito otimista. O Festival mostra precisamente isso”. O interlocutor é Du Nothin, intérprete de “Sobre Nós”, de autoria de Beato. O sentimento é generalizado e, na conferência de imprensa, sublinha-se “a panóplia de músicas, géneros e texturas diferentes”, culminando numa “edição verdadeiramente enriquecida”.
No pós-show da Antena 1, Jorge Gabriel não deixa de fazer a devida homenagem aos apresentadores que marcaram a história do Festival: “é uma honra poder dar continuidade a um trabalho onde passaram nomes tão grandes da televisão portuguesa”. Destaca o incontornável Eládio Clímaco, que mais vezes pisou o palco do Festival da Canção enquanto apresentador. “Carregamos este legado”, mas também “mantemos acesa esta chama que abre caminho para tanta gente na música em Portugal”. Frisou, ainda, a importância deste evento para a história nacional: “Se hoje estamos aqui a festejar a liberdade e mais um ano de Festival, é porque uma canção nossa serviu de senha para a Revolução”, disse entre aplausos.
Foram vários géneros musicais e intérpretes de diferentes gerações os que hoje conhecemos; no próximo sábado (1 de março), a Antena 1 continuará na fila da frente para acompanhar o a segunda semifinal do Festival da Canção 2025.