Aos 81 anos são muitas as etapas na vida da actriz agora homenageada na Festa do Teatro em Almada. A cultura, o desassossego, e a mulher que não abdica da capacidade de se indignar.
Aos 15 anos, vestiu a primeira personagem, oferecendo violetas no foyer do Teatro Monumental, mas a marquise foi o primeiro palco de Maria Isilda, ainda menina, olhando para as nuvens e inventando diálogos. Ser actriz é que era, pensava ela, escondendo no tecto do guarda louça, recortes das revistas com os artistas da época. Trocou as saias aos quadrados e os soquetes brancos por cintos de ligas e meias de vidro, foi costurando a vida, e penteando cabelos, até se estrear definitivamente no teatro Sá da Bandeira no Porto, tinha então 18 anos, e até hoje com 81, é na arte de representar que se move, mesmo desempregada.
A esta hora, em Almada, já terão soado os primeiros aplausos e a luz da actriz reflecte-se numa “Casa de Espelhos”. Lia Gama é “Pessoa para Isso”.