A festa da música e do humor de 1 a 4 de Outubro em Águeda
Ana Sofia Carvalheda já espreitou a programação deste ano que junta 10 espectáculos e que se dividem pela primeira vez por dois locais da cidade.
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"Treze é o inusitado número desta edição, mais uma, do Festival “O Gesto Orelhudo”.
Sim, mais uma. Num tempo em que a cultura vai sendo descontinuada, a conquista maior de um festival assim é persistir, é almejar o seu espaço no coração das pessoas. Garantido o conteúdo, sem concessões, o esforço maior passa a ser o contexto. Depois de treze edições, a tarefa já não é só pôr o festival de pé, é conseguir transformá-lo em aprendizagem e não deixar de interferir nos hábitos de um público tão consumido. É encontrar uma vontade colectiva para aqueles primeiros dias mágicos de Outubro. E é por ser marcante, singular e decisivo que “O Gesto Orelhudo” não arreda do calendário cultural de tantos.
Este ano, além da programação da noite, convocamos o público para aperitivos orelhudos, pelas 19h00 em lugares informais da cidade, com as palavras embebidas em música. Este ano, além da Tenda do Espaço d’Orfeu, vamos encher também o Cine-Teatro São Pedro, com espectáculos de maior formato. Este ano, além de várias propostas nacionais, convidamos também artistas de Itália, Chile, Reino Unido e Espanha. E, como todos os anos, vamos estar com as escolas, as instituições e os parceiros, numa programação paralela, levando este Festival “O Gesto Orelhudo” a todos.
Em propostas tão distintas, o humor chegará de muitas formas, das mais intimistas às mais extravagantes. É essa a garantia de grandes espectáculos músico-teatrais, carimbo distintivo do Festival “O Gesto Orelhudo”. Este festival é uma iniciativa conjunta da d’Orfeu Associação Cultural e da Câmara Municipal de Águeda, parceria que faz de “O Gesto Orelhudo” uma marca de Águeda. Todos os anos."
Fonte: O Gesto Orelhudo
QUARTA 1 OUTUBRO
19h00 | bard’O
“Hamlet em Pessoa”, André Gago e Carlos Barretto
Concerto poético que junta o contrabaixista e improvisador Carlos Barretto ao actor André Gago, numa viagem pelas palavras de poetas maiores. Ou como a poesia dita por um grande diseur se alia ao magnífico instrumento que é o contrabaixo. E logo nas melhores mãos.
21h30 | Cine-Teatro São Pedro
“Deixem o Pimba em Paz”, de Bruno Nogueira
Fascinado pelo universo pimba, Bruno Nogueira propôs-se dar uma oportunidade a essas canções, convidando grandes músicos a vesti-las com arranjos muito pouco prováveis, num registo jazz e pop de extremo bom gosto. No final, chega a pairar a ideia de que, afinal, a credibilização é possível. É que os novos arranjos fazem mesmo muita diferença.
QUINTA 2 OUTUBRO
19h00 | Johnny 101
“20Dizer”, Trigo Limpo teatro ACERT
A mestiçagem da declamação de José Rui Martins com a música da flautista e cantora Luísa Vieira celebram as palavras da lusofonia. Do calor sensual do Brasil à ainda mais quente África, passando pelo Portugal dos costumes, 20Dizer é pura ironia na ponta da língua.
21h30 | Cine-Teatro São Pedro
“The Best Of” Leo Bassi (Itália)
Eis que regressa Leo Bassi, o provocador, num especial que recompila os melhores números da sua carreira. Por Águeda apenas passaram duas das suas obras, mas as marcas do vendaval cómico deste italiano ficaram. Um espectáculo antológico do génio maior de uma estirpe de palhaços que fez do humor uma arma pacífica para a mudança de mentalidades.
23h15 | Tenda Espaço d’Orfeu
“Cita a Ciegas”, Murmuyo (Chile)
Em transgressão com o mimo clássico, o chileno Murmuyo não actua a solo: o público entra no espectáculo, quer queira quer não. A empatia é imediata, pela ternura da sua aparência de super-herói de banda desenhada, mas ele provoca e quer ser provocado. No meio da assistência, encontra sempre a sua vítima, que se torna protagonista. Um mimo.
SEXTA 3 OUTUBRO
19h00 | Fundação Dionísio Pinheiro
“Circo Mediático”, Américo Rodrigues, César Prata e Victor Afonso
Literatura tóxica por Américo Rodrigues, música em tempo real por César Prata e Victor Afonso. O circo mediático em que vivemos dinamita as regras de bom comportamento, também na criação artística. A espiral de palavras encontra conforto (e confronto) nos sons.
21h45 | Cine-Teatro São Pedro
“Liberdade”, Sérgio Godinho
Um dos mais importantes criadores do burgo revisita as últimas quatro décadas da sua obra, desde a música empenhada, bandeira de consciência colectiva, ao diário íntimo e plural. A visão incontornável de um artista maior. Muitos anos depois, tão inventivo quanto interventivo, regressa ao festival o músico Sérgio Godinho, um senhor actor em palco.
23h30 | Tenda Espaço d’Orfeu
“Que Raro, Verdad?”, Hermanos Infoncundibles (Espanha)
Os inconfundíveis Hermanos Infoncundibles – não confundir com Inconfundibles – são uma dupla clássica do novo circo andaluz. São músicos, malabaristas e comediantes e, neste seu espectáculo para todos os públicos, batem-se em acrobáticos duelos musicais. Estranho por todo o mundo, menos no Festival “O Gesto Orelhudo”, a casa da musicomédia.
SÀBADO 4 OUTUBRO
21h45 | Cine-Teatro São Pedro
The Vocal Orchestra (Inglaterra)
The Vocal Orchestra apresenta, pela primeira vez em Portugal, a sua incrível performance musical. Uma celebração universal usando apenas sete vozes e sete microfones. Beatbox humano, harmonias vocais e gloriosas batidas. Nada de instrumentos. Espectáculo original criado pelo internacionalmente aclamado beatboxer britânico Shlomo. De tirar o fôlego.
23h30 | Tenda Espaço d’Orfeu
“Peter Punk e o Neno Imperdible” (Galiza, Espanha)
Descoberta recente do público d’Orfeu (no último Festival i), Peter Punk regressa com o seu mais orelhudo espectáculo, no qual compartilha o palco com o polivalente músico Brais das Hortas. Um artista de circo e um músico. Ambos palhaços, cada um à sua maneira, em constante reconciliação consigo próprios, para consciência da dimensão solidária do clown.
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