As 11 novas canções de JP Simões, que todas juntas dão
pelo nome de "Roma" podem ser ouvidas dia 23 à noite no Lux, em Lisboa…
Ana Sofia Carvalheda conversou com o músico-compositor.
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"Roma" é o terceiro álbum a solo de JP Simões. Viaja por territórios que vão do Afro-Beat ao Glam Rock, do Samba ao Jazz, retomando e reinventando a energia e o lirismo dos extintos Belle Chase Hotel e Quinteto Tati.
Alinhamento
01. La Strada
02. O Português Voador
03. Rio-me de Janeiro
04. Gosto me drogar
05. O Fardo do Amor
06. A million songs of yesterday
07. No dia em que vi o meu bem
08. O criador e a criatura
09. Samba Radioactivo
10. Ils cassent le monde
11. Valsa Rancho
FICHA ARTÍSTICA:
JP Simões: Voz e Violão
Luanda Cozetti: Voz
Norton Daiello: Baixo e Contrabaixo
Tomás Pimentel: Piano, Trompete e Fliscorne
Gabriel Godói: Violão de sete cordas e Guitarra Eléctrica
Ruca Rebordão: Percussões
José Salgueiro: Bateria
Tércio Borges: Cavaquinho
Jorge Reis: Saxofone Alto e Soprano
Luís Lázaro: Video Art
Para os concertos de lançamento do disco, JP Simões apresenta um espectáculo multimédia, totalmente ilustrado ao vivo e em tela pelo artista plástico Luís Lázaro, e traz a sua banda completa, com todos os timbres e cores: uma receita exuberante para noites que prometem ser inesquecíveis.
"O
JP Simões é o Eduardo Lourenço da música popular portuguesa. Cada disco seu que
se publica é uma manifestação nacional de inteligência, mesmo que a nação possa
andar distraída ou ressentida, aborrecida ou esganada.
Poucas
vezes um compositor e intérprete resultou numa tão brilhante capacidade musical
ligada à pensante forma de desmontar as suas e as questões do mundo. Fascina-me
que transforme qualquer frase em melodia, que o texto lhe obedeça nas mais inusitadas
descobertas, fascina-me que use de uma honestidade desarmante, que traduza sem
peneiras a mistura de que nos fazemos todos um pouco.
Pressinto
que o JP Simões cria sempre em perigo, é demasiado céptico para glórias e
maiores seguranças. De algum modo, isso mesmo o torna real. Podemo-nos
identificar facilmente com ele como se fôssemos todos parecidos com os grandes
homens.
Roma, mais
uma vez, é o JP Simões como uma espécie de James Bond sem tretas. O mesmo
charme, coisas de génio, a voz inteira, absolutamente internacional, cheio de
línguas e muitas mulheres bonitas. Este, como todos os seus discos, mas agora
de modo acentuado, é um trabalho de pura sedução. Há uma solaridade acrescida
que nos faz pensar em noites de varandas largas, baías, champanhe, um cigarro,
saias curtas, talvez a polícia à espreita e uma aventura típica dos que se
recusam a fazer da vida uma quietude de sofá.
Este
disco é terapia para o português cinzentismo, para a merklice aguda, para a
gula capitalista, para o desperdício da paixão. Desmistificando decadências e
confessando vícios e afectos, Roma é um certo folclore pejado de
alegrias, contagiante, impossível de ser parado. É o Eduardo Lourenço a fumar a
relva e a curtir muito bem curtida uma bela guitarra.
De
maravilha em maravilha, caro JP."
Valter
Hugo Mãe