Mestre do cinema contemplativo, Tsai Ming-Liang é autor de uma prolífica filmografia que se estende por mais de três décadas e transpõe géneros e formatos. Nascido na Malásia no seio de uma família chinesa, estudou cinema em Taiwan e foi lá que iniciou a sua carreira. Hoje é considerado um dos nomes maiores do cinema contemporâneo, celebrado pelo seu meticuloso trabalho na manipulação da luz e do tempo.
Associado ao Novo Cinema de Tawain — movimento encabeçado por cineastas como Hou Hsiao-Hsien e Edward Yang —, desde cedo distinguiu-se pelos seus retratos da solidão urbana, tingidos de erotismo e desejo, e pelas longas colaborações que estabeleceu com um grupo de atores (que, recorrentemente, interpretam as mesmas personagens). Lee Kang-Sheng, uma das constantes na sua obra, é notável pela sua atuação tão penetrante como silenciosa, em enredos celebremente minimalistas, ambientados em espaços citadinos desoladores.
Em 2013, o cineasta anunciou que se retiraria da realização de filmes narrativos e, desde então, tem explorado as possibilidades dos espaços expositivos de museus e galerias — Visage foi o primeiro filme a ser incluído na coleção do Museu do Louvre. O interregno no cinema não seria, contudo, definitivo e em 2020 Tsai Ming-Liang voltou ao grande ecrã com a longa-metragem Days.
Entre janeiro e fevereiro, apresentamos uma retrospetiva integral das suas obras de ficção para cinema, bem como um conjunto das suas curtas e longas-metragens que quebram barreiras de género.