Para que serve o toque? Porque é que as mãos parecem tão importantes, afinal, para o mais cerebral dos animais?
Porque é que as palavras não chegam? Nem os ecrãs de computador? Nem o som da voz ao telefone? Nem mesmo a presença física do outro a dois metros de distância? Após milénios de civilização, de Shakespeare e Homero, da
invenção da geometria e da psicanálise, porque é que continuamos a precisar tanto de um abraço como um
chimpanzé?
No corolário da luta contra um vírus que assola o mundo, um homem e uma mulher encontram-se para jantar. É um acto de fé: têm de confiar que o outro não está infectado e não os vai contaminar. Mas são velhos amigos e não amantes nem pretendentes a tal, portanto, tocarem um no outro não deve ser importante. E, no entanto…
“Instruções para uma Vida Normal” é uma comédia romântica sobre a tentativa de retomar a vida depois de um acontecimento que a mudou para sempre. Quando deixámos de ver amigos e família, todos os afectos se tornaram remotos e a nossa interacção humana mais regular receber à porta dum estafeta mascarado mercadorias do mundo como antes o conhecemos.
O que queremos urgentemente voltar a fazer? E para que coisas nunca mais queremos voltar? Que faremos aos corpos quando pudermos voltar a estar a menos de dois metros de distância? E que têm os pianos, Wittgenstein, Maria Madalena e a vida sexual dos japoneses a ver com isso?
Quanto tempo demora o amor nas superfícies? E a velha pergunta: podem homens e mulheres ser realmente amigos?
Redescobrimo-nos no isolamento e inventámos kits de sobrevivência para a solidão. Estamos muito melhor equipados para enfrentar a próxima pandemia. Mas – e a vida normal?
Bem-vindo de volta ao teatro.
É favor seguir as instruções.
INSTRUÇÕES PARA UMA VIDA NORMAL
Uma comédia tocante.
FICHA ARTÍSTICA
Interpretação: Alice Medeiros e Tiago Fernandes
Encenação: João André
Texto: Alexandre Borges
Cenografia, Figurinos e Espaço Cénico: Catarina Fernandes
Co-Produção: Companhia de Actores | BRUTA Teatro