Ílhavo
Gafanha da Nazaré
2-12 Dezembro
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Depois de um ano de suspensão, que se é uma das técnicas que mais nos impressiona no circo contemporâneo, nos limita quando falamos de tempo e expetativas, o LEME regressa para uma edição diferente, maior na sua duração porque diluída em mais dias e mais espaços.
O que fica depois do vazio? A compensação, a consequência, a instabilidade, o coração nas mãos, os monstros debaixo e por cima de todas as camas e as camas às vezes são não mais que os nossos peitos ainda carregados de balas disparadas por nós. Mas o que é o peito, se não, também a cama onde aterramos da queda? E trepamos. Regressamos à corda, à subida, à estrutura, ao salto, ao outro.
As balas ainda no peito, mas a ideia de que desdramatizar e reconstruir talvez seja a forma mais fácil de nos equilibrarmos sob, sobre, uns com e nos outros. E depois, a acrobacia constante de contemplarmos mudar, mexer, transfigurar: como fez Rui Paixão, que se começou por conceber por “Irredutível”, em 2020, fez parir “Albano”, em 2021. Sobre, precisamente, ser apanhado desprevenido. Não saber o que se espera. Mas se falamos nos espetáculos desta edição para falar sobre como chegámos, navegando, até aqui, importa não esquecer o que nos quer dizer “Un contre un”: não podemos olhar para trás.
São dez dias para a frente, inteiros e ateados à espera.
Com França como país convidado, e com destaque para as técnicas de acrobacia de mão e mão e de mastro chinês na programação desta edição, mantemos muito do que importa: o apoio à criação artística e aos novos criadores, através da categoria Navegar, continua a aposta na formação, no diálogo e na diversidade, tanto na programação que apresenta como nos públicos que chama e acolhe.
Há novos espaços. O LEME vai para diferentes palcos, inesperados, onde testa os limites do circo e do território como, por exemplo, o Cais Bacalhoeiro da Gafanha da Nazaré. Mantém-se o desafio à reflexão e ao pensamento crítico sobre circo contemporâneo, através do Circus Fórum, que promove um encontro entre profissionais da área, e do Beta Circus, um projeto de cooperação europeu que seleciona artistas que serão integrados num programa internacional de capacitação em novas tendências para a criação contemporânea, com foco na "nova magia", esta última que é também uma das novidades da edição deste ano do LEME.