Exposição na Cordoaria Nacional em Lisboa de 10 de Abril a 2 de Agosto 2015.
*****
-
Ouça a emissão especial realizada por António Macedo.
- Ouça também Ana Sofia Carvalheda percorrer esta viagem numa conversa com o fotógrafo.
*****
Sebastião Salgado, um dos mais reconhecidos e premiados fotógrafos brasileiros da actualidade, regressa a Lisboa para apresentar Génesis, o seu mais recente trabalho.
Numa parceria entre a Câmara Municipal de Lisboa, a EGEAC e a Terra Esplêndida, Génesis abre ao público no Torreão Nascente da Cordoaria Nacional no dia 10 de Abril, onde estará patente até 2 de Agosto de 2015.
Dedicada aos últimos redutos naturais e humanos de um planeta ameaçado, esta exposição é composta por mais de duas centenas de fotografias, fruto de 8 anos de trabalho e de mais de 30 viagens por diversas partes do globo.
No seu estilo muito característico, que lhe valeu a admiração do público, recorrendo a imagens a preto e branco de grande formato, com enorme impacto e beleza, Génesis constitui simultaneamente uma sentida homenagem ao planeta Terra e um alerta para a urgente necessidade de o preservar.
Organizada em 5 secções, Sul do Planeta, África, Santuários, Terras a Norte e Amazónia e Pantanal – cinco ecossistemas, em sentido lato, que Sebastião Salgado e a curadora da exposição, Lélia Wanik Salgado, consideraram melhor traduzirem as dinâmicas da natureza –, Génesis apresenta ao público ambientes que até agora conseguiram escapar às transformações impostas pela sociedade moderna, continuando assim quase intactos.
É o esperado regresso do fotógrafo ao convívio do público português, depois das exposições Trabalho, apresentada no CCB em 1993, e Êxodos, exibida no Pavilhão de Portugal em 2000.
Parte das receitas de bilheteira reverterão para o Instituto Terra (Brasil) e para o Grupo Lobo (Portugal).
As cinco secções da exposição Génesis
Sul do Planeta
Conta a história da Antártida, das suas paisagens geladas e das suas
zonas costeiras, com a sua perseverante fauna, pinguins, leões-marinhos e
baleias, nomeadamente as fotografadas no seu território de reprodução,
na Península Valdés. Depois as ilhas Geórgia do Sul, as Malvinas, o
arquipélago Diego Ramírez e as ilhas Sanduíche do Sul, onde numerosas
espécies de pinguins, albatrozes, petreís gigantes e cormorões fazem a
sua vida.
África
Oferece uma enorme variedade de paisagens, desde a vida selvagem do
Delta do Okavango, no Botswana, aos gorilas do Parque Nacional de
Virunga na fronteira da República Democrática do Congo com o Ruanda,
Congo e Uganda; dos povos Himba da Namíbia e das tribos Dinkas do Sudão,
ao povo San do Deserto do Kalahari no Botswana; das tribos do vale de
Omo no sul da Etiópia, às antigas comunidades cristãs do norte da
Etiópia.
A África desvela uma notável panóplia de desertos; as suas diferentes
tonalidades, as suas texturas do arenoso ao rochoso; alguns, planos como
oceanos, outros, interrompidos por montanhas áridas. Ainda assim, em
algumas paisagens da Líbia e da Algéria, para além de cactos há também
sinais de vida e arte rupestre datada de há milhares de anos.
Santuários
Traz-nos as inigualáveis paisagens vulcânicas e fauna das ilhas
Galápagos e inclui as ancestrais populações da Nova Guiné e da Papua
Ocidental, os Mentawai da ilha Siberut da província indonésia de
Sumatra, assim como as paisagens, vida selvagem e vegetação dos diversos
ecossistemas de Madagáscar.
Terras a Norte
Mostra as paisagens do Alasca e do planalto do Colorado, nos EUA,
paisagens do Parque Nacional Kluane e vida selvagem na ilha Baffin, no
Canadá. O norte da Rússia, incluindo o território de reprodução do urso
polar na ilha de Wrangel, assim como as populações indígenas do norte da
Sibéria e da Península de Kamchatka.
Amazónia e Pantanal
O Amazonas e os seus afluentes, vistos do ar, assemelham-se a uma
gigante árvore da vida, com braços e mãos estendidos do coração do
Brasil até aos países vizinhos. A norte regista os Tepuis Venezuelanos, a
mais antiga formação geológica do planeta, assim como a vida selvagem
do Pantanal em Mato Grosso, no Brasil.
Há ainda imagens da tribo índia Zo’é, descoberta apenas há duas décadas,
e das tribos mais assimiladas da bacia do Alto Xingu, também no Brasil.
Exposição Genesis.
Pinguins-de-barbicha
(Pygoscelis antarcticus) sobre um iceberg localizado entre as ilhas
Zavadovski e Visokoi. Ilhas Sandwich do Sul. 2009.
Perseguidos por caçadores furtivos na Zâmbia, os elefantes
(Loxodonta africana) têm medo dos homens e dos veículos, e geralmente,
entram rapidamente no mato,assustados. Parque Nacional de Kafue, Zâmbia.
2010.
As
mulheres das tribos Mursi e Surma são das última s mulheres do mundo a
usar discos nos lábios. Dargui, povoação mursi no Parque Nacional de
Mago, perto de Jinka, Etiópia. 2007.
Iceberg entre a ilha Paulet e as ilhas Shetland do Sul, deslocando-se no mar de Weddell. Península Antártica. 2005
Documentário "O Sal da Terra"
A Midas Filmes estreia, a 9 de Abril, o filme de Wim Wenders e Juliano Salgado sobre Sebastião Salgado.
A vida e obra do fotógrafo é-nos mostrada pelo olhar do seu filho, Juliano, que o acompanhou nas suas últimas viagens, e de Wenders, também ele fotografo.
Estreado mundialmente no Festival de Cannes 2014, o documentário recebeu uma Menção Especial do Júri na secção Un Certain Regard, tendo sido nomeado, em Janeiro de 2015, para o Óscar de Melhor Documentário de Longa-metragem.
É filme Antena 1!
SEBASTIÃO SALGADO
Sebastião Salgado nasceu em Minas Gerais, em 1944. Durante a ditadura militar no Brasil emigrou para Paris com Lélia Wanik Salgado, onde acabou por descobrir a sua verdadeira vocação, a fotografia. Nas suas viagens para África, enquanto trabalhava para a Organização Internacional de Café, começou a fotografar, sem intenções profissionais, com a máquina que Lélia havia adquirido para o seu curso de arquitectura, descobrindo assim a sua paixão pelo fotojornalismo.
Salgado desde cedo trabalhou para importantes agências de fotografia (Sygma, Gamma, Contact e Magnum) e viu o seu trabalho publicado em algumas das mais prestigiadas publicações mundiais. O seu primeiro livro, “Outras Américas”, foi editado em 1986. No mesmo ano, lançou “Sahel: Homem em Pânico”, sobre a seca no Norte de África. “Trabalhadores”, talvez a sua obra mais conhecida, é publicada em 1993. Em 1997 é a vez de “Terra”, sobre a luta dos sem-terra no Brasil. Em 2000, Salgado lança “Êxodos”, focando-se no fenómeno global das migrações. “África”, o seu continente de eleição, é o tema de uma publicação em 2007. De 2004 a 2012, Salgado viajou por 32 regiões remotas, e por vezes inóspitas, para criar o seu último trabalho, “Génesis”.
Hoje, Sebastião Salgado é embaixador da Boa Vontade da UNICEF e membro honorário da Academia de Artes e Ciências dos EUA. As suas obras fazem parte de colecções dos mais conhecidos museus, um pouco por todo o mundo. Em 1994 criou com Lélia Wanick Salgado a Amazonas Images, que se ocupa exclusivamente das suas fotografias.