A nave pessoana inventada por Ricardo Pais volta a atracar no seu cais original, no preciso dia do centenário do São João, depois de ter passado pela Comédie de Reims, pelo Teatro Paulo Autran, em São Paulo, e pelo Teatro Español, em Madrid, entre outras paragens mais ou menos exóticas. Espetáculo quintessencial do encenador que dirigiu este Teatro Nacional e estabeleceu a sua personalidade artística, Turismo Infinito é uma das mais marcantes produções do TNSJ e, certamente, um dos acontecimentos mais felizes dos 100 anos do edifício projetado por Marques da Silva. Fulgurante incursão teatral pelas várias escritas de Fernando Pessoa, o espetáculo de Ricardo Pais e António M. Feijó lança em cena o guarda-livros Bernardo Soares e o seu visionário desassossego na Rua dos Douradores; a turbulência de Álvaro de Campos, engenheiro naval que ficou sem trabalho “depois de estar a Índia descoberta”; o Pessoa simbolista das interseções, mas também aquele que melancolicamente se revela em “Un Soir à Lima” e o outro Fernando que se corresponde com Ofélia Queirós; Maria José, a corcunda que ama um serralheiro com toda a sua alma; e o bucólico Caeiro, o “mestre de toda a gente com capacidade para ter mestre”.
- Ricardo Pais
com a colaboração de
- Nuno M Cardoso
dispositivo cénico
- Manuel Aires Mateus
figurinos
- Bernardo Monteiro
desenho de luz
- Nuno Meira
desenho de som
- Francisco Leal
preparação vocal e elocução/
- João Henriques
interpretação
- João Reis, Emília Silvestre, Pedro Almendra, José Eduardo Silva, Luís Araújo
produção
- Teatro Nacional São João