Quis ser jornalista para contar histórias e para despertar emoções. Para contar o mundo. Acaba de editar uma montra da ditadura portuguesa. “O Estado Novo em 101 Objectos” é um trabalho de fôlego. Cinco anos de pesquisa, em busca do país que fomos, e um livro de verdade, para que não haja esquecimento.
Canetas, cadernos, telemóvel, computador e uma pergunta “e se isto me interessa?” Isto era já a pesquisa em curso, que lhe tomou os dias, após o convite da editora Lua de Papel. Fernanda Cachão mergulhou nos 48 anos da ditadura que se instalou no país após o golpe de 28 de Maio de 1926 e de objecto, em objecto, foi escolhendo os 101 que ilustram o Estado Novo, abrindo a lente da história sobre a vida portuguesa no tempo da ditadura. Uma montra, sim, mas também o seu contexto, explicando, enquadrando, espreitando, para lá da censura e da propaganda entranhadas no tempo de um país submerso.
Nasceu em Setúbal, vive em Lisboa, formou-se no CENJOR, é, actualmente, directora da revista de domingo do Correio da Manhã. Da memória do funeral de Zeca Afonso à crise do jornalismo, há boas razões para a escutarmos enquanto folheamos a cor da liberdade, que é uma outra forma de ler “O Estado Novo em 101 Objectos”.