No dia em que nos deixou, aos 78 anos, Marianne Faithfull é homenageada no programa “Gira Discos”, por Nuno Galopim.
Antes, em agosto de 2024, o “Duas ou Três Coisas” assinalou os 60 anos de carreira da artista. “As Tears Go By” (1964) é o princípio desta história: uma canção composta por Mick Jagger e Keith Richards dos Rolling Stones, num estilo incaracterístico para a banda, dado tratar-se de uma balada. Foi numa festa dos Stones que Faithfull se fez ouvir pelo manager do grupo, Andrew Loog Oldham (que também assinou a letra de “As Tears Go By”). Já era, por esta altura, uma cantautora emergente de folk, e transitou diretamente dos cafés-concerto para as tabelas de vendas, com um tema que Jagger e Richards consideraram “piegas” – mas que vingou, e cujo sucesso na voz de Faithfull resultou numa versão posterior pelos Stones.
João Lopes e Nuno Galopim exploram uma discografia plural, quase sempre inserida num plano rock, em que Faithfull manteve abertas as vias de comunicação com músicas diferentes. Bernstein e Sondheim, Beatles, Donovan e Jacques Brel são alguns dos versistas que cantou durante a primeira fase da sua carreira. Seguiu-se um hiato praticamente sem interrupções, até ao emblemático álbum de regresso, “Broken English” (1979), eco de episódios dramáticos na vida de Faithfull, entre os estupefacientes e a anorexia. A descoberta de um novo “grão da voz”, bem como os pontos de contacto com o cinema dos anos 1960, completam esta viagem pela mitologia de Marianne Faithfull.