Surgiu pela primeira vez nos ecrãs de televisão em 1969, no mítico “Zip Zip”, no qual apresentou “Fonte de Água Vermelha”, canção que integrou o seu disco de estreia, um EP onde incluía ainda as canções “Menino Rei”, “Faina” e “Rosas e Espinhos”, todas elas de sua autoria, revelando-o entre uma nova geração de baladeiros que então despontava. Nascido em Lisboa em 1944, Hugo Maia de Loureiro deixou-nos ontem. Tinha 79 anos.
Assinou uma carreira discográfica relativamente curta, mas marcante no seu tempo, toda ela lançada através do catálogo da editora Zip Zip. Ao EP de estreia seguiu-se uma primeira passagem pelo então Grande Prémio TV da Canção Portuguesa, ao qual levou a célebre “Canção de Madrugar”, de Nuno Nazareth Fernandes e José Carlos Ary dos Santos (a dupla vencedora do ano anterior com a “Desfolhada” de Simone de Oliveira). A canção acabou a noite em segundo lugar, atrás de “Onde Vais Rio Que Eu canto”, de Sérgio Borges, classificação que então dividiu opiniões e levantou protestos. A “Canção de Madrugar” foi então lançada em single, com “Canção de Amanhecer” no lado B, esta também da mesma dupla de autores. A “Canção de Madrugar” conheceu depois outras vidas, uma delas gravada ainda em 1970 por Sérgio Borges e o Conjunto João Paulo, outra, dois anos depois, por Carlos do Carmo e uma, mais recentemente, por Susana Félix, num álbum de homenagem a Ary dos Santos.
No ano seguinte Hugo Maia de Loureiro regressa ao festival, integrando assim o seu ano mais disputado de sempre, terminando atrás do mítico pódio constituído pela “Menina” de Tonicha, a “Flor Sem Tempo” de Paulo de Carvalho e o “Cavalo à Solta” de Fernando Tordo. “Crónica de Um Dia”, do próprio Hugo Maia de Loureiro e de Fernando Guerra, teve depois edição em single, que incluía “Semi-Dito” no lado B. Nesse mesmo ano, como operação de promoção para alertar para a sua presença no Festival da Canção, a Zip Zip lançou ainda um single promocional no qual eram incluídas “Canto” e “Semi-Dito”, ambas de Fernando Guerra, gravadas com arranjos de Thilo Krasmann. A capa do promo alerta para o facto de estas “não são” as canções do festival, “mas até são ‘giras’ e dão-lhe uma ideia da capacidade de quem as canta.
Data ainda de 1971 o único álbum de Hugo Maia de Loureiro, “Gesta”, disco que recuperava a “Canção De Madrugar” e a “Crónica de Um Dia” que levara aos festivais de 1970 e 71, assim como os dois temas do então recente single promocional. Ao álbum levava ainda mais três colaborações com Ary dos Santos (“Génese”, “Aleluia” e “Fala De Um Homem Só”), desta vez com música do próprio cantor. O álbum conta com arranjos e direção de orquestra ora de Thilo Krasmann ora de José Calvário.
Com uma carreira no desporto (no judo e no rugby) antes mesmo da música, começara por se dedicar ao rock, ao mesmo tempo que fazia os seus estudos (conclui o curso de regente agrícola em 1966). A passagem pela música não teria continuidade depois de 1974. Depois de um silêncio que se seguiu a às passagens pelo Festival da Canção, a edição do álbum em 1971 e os espectáculos que depois continuou a apresentar até 1974, Hugo Maia de Loureiro reapareceu publicamente como concorrente ao concurso da RTP “A Visita da Cornélia”, em 1977. Desenvolveu uma atividade profissional noutras áreas mas manteve a ligação ao desporto.