Carlos Paião faria hoje 65 anos. O médico que conquistou um lugar de destaque na história da música portuguesa, cantando as suas próprias composições ou dando-as a vozes como, entre outras, as de Herman José, Amália Rodrigues, Lenita Gentil ou Cândida Branca Flor, nasceu em Coimbra a 1 de novembro de 1957 e perdeu a vida num acidente de viação em 1988.
Hoje, ao longo do dia, a Antena 1 recorda as suas canções. E aqui deixamos a memória de algumas das suas canções mais marcantes.
Herman José “Canção do Beijinho” (1980)
No ano em que Carlos Paião concorre pela primeira vez ao Festival da Canção (com Amigos Eu Voltei, que não chegou à final), obtém um primeiro grande êxito como autor da Canção do Beijinho de Herman José. Esta seria uma entre muitas colaborações entre ambos da qual nasceram êxitos como Serafim Saudade, O Verdadeiro Artista (ambas de 1985) ou Vamos Lá Cambada (1986), esta última criada para a personagem de José Estebes.
Carlos Paião “Souvenir de Portugal” (1981)
O primeiro single de Carlos Paião apresentou a canção Souvenir de Portugal, juntando no lado B Eu Não Sou Poeta. Tal como sucedera com a canção que levaria à Eurovisão, este novo single contou com arranjos de Shegundo Galarza. Ambas as canções deste single tinham sido submetidas ao Festival da Canção, mas o júri podia apenas escolher uma para cada intérprete. A escolhida foi Play Back.
Carlos Paião “Play Back” (1981)
A segunda participação de Carlos Paião como autor e intérprete no Festival da Canção deu-lhe a vitória ao som de Play Back. Acompanhado por um coro (no qual encontrávamos Ana Bola, Pedro Calvinho, Cristina Águas e Peter Petersen) Carlos Paião apresentou a canção do Festival Eurovisão da Canção que, nesse ano, teve lugar em Dublin (Irlanda). A canção ficou classificada em 18.º lugar, tendo obtido 9 pontos.
Carlos Paião “Pó de Arroz” (1981)
A fechar um ano de grandes triunfos, um terceiro single de Carlos Paião colocou em cena aquele que seria um dos maiores sucessos de toda a sua carreira como autor e intérprete. Pó de Arroz tinha surgido inicialmente como possibilidade para o lado B de Play Back, mas foi reconhecida na canção um potencial para ir mais longe. O tema cimentou definitivamente o seu sucesso, mostrando um talento que deixava claro que não se esgotava no terreno da canção com um cunho mais humorístico.
Carlos Paião “Ga-Gago” (1981)
No lado B do single Pó de Arroz surgia uma canção nos antípodas do tema que encontrávamos na outra face do disco. Retomando o bom humor que caracterizara algumas das suas canções já antes editadas, Ga-Gago acabaria por se transformar noutro dos seus grandes clássicos, apesar do estatuto supostamente mais discreto habitualmente votado aos lados B dos singles.
Amália Rodrigues “O Senhor Extraterrestre” (1982)
Antes mesmo de criar sucessos na sua voz, Carlos Paião deu muitas canções a outros cantores e cantoras. Depois de A Gente Cresce Cresce de Joel Branco (1980), Quanto Mais te Bato de Ana, de Trocas-Baldrocas de Cândida Branca Flor (que concorreu ao Festival da Canção em 1982) ou Eles Foram Tão Longe de Lenita Gentil, assumiu a escrita de duas canções para o mais atípico de todos os discos da obra de Amália Rodrigues. Editado num máxi-single em vinil amarelo em 1982, O Senhor Extraterrestre não foi o êxito esperado na altura, mas acabou por sobreviver aos tempos e conheceu depois versões pelos Mesa e Gisela João.
Carlos Paião “Marcha do Pião das Nicas” (1982)
O gosto de Carlos Paião pelas estruturas da canção popular levou-o a experimentar o formato da marcha. E dessa demanda surgiu, em 1982, um novo single em nome próprio, no qual apresentou a Marcha do Pião das Nicas. No lado B escutava-se Telefonia (Nas Ondas Do Ar).
Carlos Paião “Zero a Zero” (1982)
Em 1982 Carlos Paião editou finalmente um primeiro álbum de originais. Chamou-lhe Algarismos e apresentava no seu alinhamento uma série de canções que jogavam liricamente com a presença de números. Um single foi extraído do álbum destacando Zero a Zero, que assim gerou mais um episódio de sucesso. No lado B do single surgia Meia Dúzia. Carlos Paião teria apenas mais um álbum de originais, Intervalo, lançado em 1988.
Carlos Paião + Cândida Branca Flor “Vinho do Porto (Vinho de Portugal)” (1983)
Depois de ter assinado Trocas-Baldrocas para a voz de Cândida Branca Flor, Carlos Paião teve a sua terceira passagem pelo Festival da Canção (a quarta como autor) com Vinho do Porto (Vinho de Portugal), canção que apresentou em dueto com a cantora. A canção ficou classificada em 4.º lugar no Festival da Canção em 1983.
Carlos Paião “Cinderela” (1984)
Entre o álbum de estreia lançado em 1982 e o segundo LP, em 1988, Carlos Paião editou uma sucessão de singles em nome próprio. Um deles, lançado em 1984, meses depois de ter terminado o curso de medicina, apresentou no lado A Cinderela, com A Razão no lado B. Neste single participavam elementos do coro Club Tap. Também em 1984 surgiu, num outro single, a canção Discoteca.
Texto e seleção de Nuno Galopim