Quando a Revolução dos Cravos abriu caminho para a independência dos territórios ultramarinos, cerca de meio milhão de pessoas viram-se obrigadas a abandonar o que consideravam ser a sua terra. Apelidados de “retornados” – uma designação que muitos rejeitam – estes portugueses deixaram para trás vidas frequentemente prósperas e confortáveis para enfrentar um país que mal conheciam e que, em muitos casos, não os soube acolher.
Na reportagem “O que ficou para trás”, a jornalista Linda Luz mergulha nas memórias daqueles que viveram este êxodo forçado: as casas abandonadas às pressas, os pertences reduzidos a uma mala, os negócios florescentes deixados para trás, e a difícil adaptação a um Portugal em profunda transformação social e política.
Através de relatos na primeira pessoa, descobrimos não apenas o trauma da partida e do desenraizamento, mas também as notáveis histórias de resiliência e reinvenção. Como é que estas pessoas reconstruíram as suas vidas? Que marcas deixou esta experiência na sua identidade? E que contributos trouxeram para a sociedade portuguesa?
Com sonoplastia de Tiago Matias, esta reportagem ilumina um capítulo essencial da nossa história contemporânea, revelando como o fim do império se inscreveu nas biografias de milhares de portugueses que tiveram de deixar tudo para trás.