Internet e redes sociais vão dominar as noites de segunda-feira na Antena 1. Depois de “Anatomia do Ressentimento”, a jornalista Mafalda Anjos regressa à rádio pública com “Enredados”: uma série em torno desta evolução tecnológica que se revelou uma das mais disruptivas da História.
Mudou radicalmente a nossa forma de comunicar, nos informar e relacionar, mas também a maneira de sentir, pensar e interagir em sociedade. É esta mudança ainda em curso, com impactos profundos pessoais, sociais e políticos, que Mafalda Anjos explora nesta nova série, chamando utilizadores, especialistas e investigadores, para perceber como elas estão a mudar o mundo e quais as implicações para as nossas vidas, a democracia e a economia.
Ouça o primeiro episódio em antestreia exclusiva digital, no nosso site e nas plataformas de streaming, e leia a entrevista com a autora sobre o formato sucessor de “Anatomia do Ressentimento”.
Como aparece o germe desta ideia? O que é que ainda não foi dito sobre a internet?
Há muito por explorar nesta série. O ponto de partida é explicar aos ouvintes porque estamos enredados, e de que forma é que isto acontece, sem que tenhamos, muitas vezes, consciência disso. A verdade é que a internet, e em especial as redes sociais, são uma das evoluções tecnológicas mais disruptivas da História. Elas mudaram radicalmente a nossa forma de comunicar, nos informar e nos relacionarmos, mas também a maneira de sentirmos, de pensarmos e de interagirmos em sociedade. Uma mudança ainda em curso, com impactos profundos pessoais, sociais e políticos e com contornos, acreditam muitos, ainda imprevisíveis. Mudança esta que é moldada por algoritmos secretos que não conhecemos.
Pessoalmente, este é um tema que me apaixona muito e que sigo há muitos anos, como jurista e jornalista. Em 2002 lancei em co-autoria o livro “101 Perguntas e Respostas do Direito da Internet e da Informática”. Em 2014, fui a primeira jornalista portuguesa a entrar na sede do Facebook, em Silicon Valley, em reportagem para a revista do Expresso. Na Visão, fiz vários artigos sobre as redes sociais e a forma como contribuem para a polarização e a radicalização. No meu mais recente livro, “Carta a um Jovem Decente”, tenho um capítulo só dedicado às redes sociais e à forma como funcionam. Acho mesmo fundamental fazer luz sobre um assunto que é tão estrutural para os nossos dias.
Há alguma ligação entre este novo formato e a “Anatomia do Ressentimento”?
Sim, a ligação existe. Na verdade, em ambas as séries proponho perceber melhor o ar do tempo e o que o molda. Grande parte do ressentimento que existe hoje na sociedade é germinado e amplificado nas redes sociais. A forma como estas nos influenciam e impactam é decisiva numa série de processos mentais, políticos, económicos e sociais. Conhecê-los é importantíssimo para não nos deixarmos enredar.
Que convidados podemos esperar em “Enredados”?
Vou falar com especialistas, investigadores, utilizadores, pensadores… Não quero revelar todos, porque é importante surpreender, mas posso dizer, por exemplo, que o Júlio Machado Vaz vai falar de saúde mental, Paulo Portas vai falar de política e democracia, Giuliano da Empoli sobre os engenheiros do caos, Nuno Markl e Capicua discorrem à volta da toxicidade e estupidez, Fernando Esteves, o fundador do Polígrafo, sobre desinformação e fake news, os eurodeputados Sebastião Bugalho e Bruno Gonçalves falam da regulamentação europeia… Temos ótimos nomes nesta série.
Qual a estrutura do programa?
Cada episódio terá um tema e vários convidados. Mas, ao contrário da “Anatomia do Ressentimento” que era uma conversa a dois, aqui o registo é diferente, talvez mais documental, com uma narração informativa minha e longos trechos das conversas que mantive. E com um trabalho de sonoplastia especial muito cuidado, como a Antena 1 nos habituou.
