Tutankhamon, Cleópatra, Ramsés II… Há uma sensação de enorme familiaridade quando qualquer um destes nomes é evocado. São contudo apenas três entre os 340 faraós que reinaram no Egito de outros tempos. “Celebridades”, de certa maneira, que em alguns casos ultrapassaram a sua dimensão histórica (e o impacte no seu tempo de vida) e cruzaram os séculos, sobrevivendo como fenómeno cultural no presente. O vasto intervalo de tempo no qual os faraós dominaram o Egito, o modo como se foram cruzando com o imaginário de épocas seguintes e as formas como hoje surgem ecos das suas memórias nos livros, no cinema, nos discos, na publicidade, na arte e até mesmo no discurso político, são caminhos pelos quais se faz, agora, o percurso entre as peças que compõem a exposição Faraós Superstars, que está patente na principal galeria de Exposições Temporárias da Fundação Calouste Gulbenkian até ao dia 6 de março.
A exposição procura criar uma “dupla celebração” que, de resto, está está na sua origem, já que em 2022 se assinalou a passagem de cem anos sobre a descoberta, no Vale dos Reis, do túmulo de Tutankhamon, no Vale dos Reis, pelo egiptólogo britânico Howard Carter e, ainda, os 200 anos sobre a importante decifração dos hieróglifos, essa assegurada pelo francês por Jean-François Champollion.
A exposição junta cerca de 250 obras provenientes de diversas coleções europeias, entre as quais o British Museum (Londres), o Museu do Louvre (Paris), o Museo Egizio (Turim), o Ashmolean Museum (Oxford), o Musée d’Orsay (Paris), o Mucem – Musée des Civilisations de l’Europe et de la Méditerranée (Marselha), a Biblioteca Nacional de Portugal (Lisboa) ou o Museu da Farmácia (Lisboa). Estão também em evidência peças do acervo do núcleo de arte egípcia do próprio Museu Gulbenkian, vincando a exposição uma outra memória importante: a do relacionamento de Howard Carter com o próprio Calouste Gulbenkian, tendo o primeiro representado um importante conselheiro para aquisições feitas por aquele que hoje dá nome a este museu.
Ao longo da exposição encontramos antiguidades egípcias, assim como iluminuras medievais, esculturas e pinturas de proveniência europeia de vários períodos, fotografias, objetos e diversos documentos históricos. Na reta final do percurso entram em cena o cinema, a música pop, a banda desenhada, a publicidade e criações de artistas contemporâneos pelas quais passam ecos das memórias que associamos aos faraós.
O percurso assim definido e o conjunto de peças que a exposição apresenta “convida a uma reflexão sobre a popularidade destas personagens históricas, e por vezes míticas”. E lança a questão “Porque são alguns faraós autênticas celebridades, enquanto a memória de outros se perdeu ao longo do tempo?” É que, se por um lado são frequentemente citados e reconhecidos nomes como os de Khufu (ou seja, Quéops, em grego), Nefertiti, Tutankhamon, Ramsés e Cleópatra, por outro há figuras como Teti, Senuseret ou Nectanebo que estão longe de ter vencido do mesmo modo a passagem do tempo.
A Antena 1 fez uma visita guiada à exposição. E o nosso cicerone foi João Carvalho Dias, um dos dois curadores destes Faraós Superstars. Pode ver aqui um pequeno vídeo com imagens desta visita guiada.