Era como se todo o mundo pudesse caber dentro de um filme. Vencedor aclamado em Cannes em 2011, “A Árvore da Vida”, obra-prima de Terrence Malick, é um filme de grande fôlego, de narrativa por vezes mais sugerida do que mostrada, de fotografia cuidada, pensado com um ritmo de montagem que tudo une como se de uma só peça se tratasse e com música que amplifica a dimensão quase operática da sua identidade. Mostrando um elenco onde encontramos nomes como Brad Bitt, Jessica Chastain ou Sean Penn, revelava então um muito pessoal, e místico (podemos dizer mesmo religioso), olhar sobre a vida. O filme será, talvez, o momento maior da obra de Terrence Malick, cineasta cujo percurso é revisitado por João Lopes e Nuno Galopim no mais recente episódio de “Duas ou Três Coisas”.
Este olhar panorâmico sobre a obra do realizador norte-americano, que em novembro chegará aos 88 anos, surge por ocasião da passagem de 50 anos sobre a estreia do filme (a 15 de outubro de 1973), que, quatro anos depois da curta “Lanton Mills”, representou a primeira longa-metragem de Malick. Com Sissy Spacek e Martin Sheen como figuras centrais num filme onde o próprio assegura um breve cameo, algo que voltaria a acontecer no seu filme seguinte. “Badlands”, entre nós apresentado com o título “Noivos Sangrentos”, propõe uma visão ficcionada de factos protagonizados por Charles Raymond Starkweather e a sua namorada Caril Ann Fugate, casal que, entre 1957 e 1958, assassinou 11 pessoas entre o Nebraska e o Wyoming.
“Noivos Sangrentos” abriu então uma filmografia que conheceu apenas mais três títulos nos seguintes 32 anos: “Dias do Paraíso” (1978), “A Barreira Invisível” (1998) e “O Novo Mundo” (2005). O ritmo de produção muda significativamente nos anos a seguir a “A Árvore da Vida”, tendo então surgido “A Essência do Amor” (2012), “Cavaleiro de Copas” (2015), “Música a Música” (2017) e “Uma Vida Escondida”, longas-metragens de ficção às quais se juntaram o documentário “Voyage of Time” (2016) e algumas mais curtas. Em produção está, neste momento, a longa-metragem “The Way of the Wind”, um épico bíblico ainda sem data de estreia anunciada. Além do trabalho como realizador, a filmografia de Terrence Malick inclui ainda trabalhos na escrita, produção e interpretação.
No episódio desta semana de Duas ou Três Coisas, João Lopes e Nuno Galopim fazem uma panorâmica sobre a obra de Terrence Malick.