Depois de ter ter dado uma senha à revolução em 1974 e de ter traduzido, no ano seguinte, ecos diretos dos sinais dos tempos, o Festival viveu a segunda metade dos anos 70 entregue a novos formatos. Entre 1976 e 77, traduzindo ecos da vida em democracia, a escolha da canção vendedora foi entregue ao público, que votava através de cupões. No primeiro desse par de anos todas as canções foram entregues à voz de Carlos do Carmo, traduzido ainda essa edição uma ideia de televisão com preocupações pedagógicas, cabendo ao maestro António Victorino d’Almeida o papel de explicar aos espectadores o que encontrávamos em cada uma das canções. Um ano depois novo modelo entrava em cena, com canções submetidas a interpretações distintas, cabendo uma vez mais ao público a seleção da vencedora, desta vez o grupo Os Amigos no qual surgiam dois antigos vencedores: Fernando Tordo (1973) e Paulo de Carvalho (1974). Em ambas as edições ecos do tempo político passam entre as canções (e as votações). Entre 1978 e 79 nota-se um reencontro do formato com a canção ligeira, mas em cada um dos casos sob modelos distintos. Em 1978 são menos os concorrentes (três apenas), a cada um cabendo a apresentação de quatro canções, terminando a noite com o triunfo de “Dai Li Dou” dos Gemini, que assim partilham o protagonismo do programa com a convidada especial: a brasileira Elis Regina. Em 1979 entra em cena um modelo alargado com três semifinais, que sugere uma presença firme do Festival da Canção como janela para a comunicação para vários potenciais êxitos discográficos. Nesse ano vence “Sobe Sobe Balão Sobe” de Manuela Bravo, entre um lote de canções pelas quais emergem novos talentos como os de Gabriela Schaaf ou Concha.
Este é o cenário que está no centro das atenções deste episódio (o quinto) de “Quis Saber Quem Sou”, podcast que parte de conversas de um painel fixo constituído por João Carlos Callixto (investigador musical da RTP) e Sofia Vieira Lopes (musicóloga e investigadora da Universidade Nova de Lisboa), com moderação de Nuno Galopim. Para cada episódio são convidados historiadores, musicólogos, académicos na área da comunicação e jornalistas. Neste quinto episódio a convidada é a historiadora Maria Inácia Rezola, que é também a Comissária Executiva da Estrutura de Missão para as Comemorações do quinquagésimo aniversário da Revolução do 25 de Abril de 1974.