1971. Entre o exílio em Itália e o regresso à ditadura brasileira, Chico dá a volta às palavras, dança com a melodia, o infinito e a sua esperança num retrato duro da realidade.
Devo ter ouvido pouco depois, ouvia-se Chico (às vezes às escondidas) sempre que possível.
Nasci com “A Banda”, não me lembro de não a ouvir – e de decorar o lado B do 45″, “Madalena”.
Mas quando A Construção me chegou, doeu. Abanou-me por dentro, como ainda faz hoje.
Somos enlaçados como por uma serpente, somos levados no ritmo e na lógica trocada das palavras que nos desafia, e quando damos por isso estamos lá, assistimos a tudo, queremos protestar e não podemos, queremos segurar e não vamos a tempo.
É uma mistura de beleza e angustia que me desperta sempre, e um marco definitivo na incrível criatividade musical deste mago.
Para ouvir em repeat.
Salvé! Parabens, Chico!