5 a 8 Dezembro
Dias 5, 6 e 7 às 21h | Dia 8 às 16h | Grande Auditório | M/16
Espetáculo integrado no 25º Aniversário do CCB
Fausto é um espetáculo que trata da relação entre a ambição artística e a sustentação material dessa ambição, e que se referencia na alegoria da «venda da alma ao diabo» como recurso para a concretização de grandes ambições. Será realizado como site-specific por ocasião do 25º aniversário do CCB.
A ideia é fazer um espetáculo que seja uma grande obra-prima, espantoso, monumental, avassalador, e, para financiar um trabalho que possa permitir-nos alcançar esse resultado, começamos por contar com a confiança do CCB. Ao fim de pouco tempo contudo, ela vai revelar-se insuficiente. Mas o CCB vai juntar-se a nós e, juntos, vamos levar a cabo uma eficaz operação de captação de financiamento estatal. Primeiro junto do Ministério da Cultura, e depois de outros: a Defesa, a Saúde, a Justiça, a Administração Interna, os Negócios Estrangeiros… E para negociar, temos de oferecer contrapartidas. O Exército instala uma base aérea no edifício, estrategicamente localizado junto ao Tejo e à Residência do Presidente da República. Constrói-se o terceiro módulo do CCB e dá-se guarida aos militares. É sabido que os militares gostam de libertinagem nos momentos de ócio e os artistas são conhecidos por serem libertinos, bate tudo certo. Ouve-se o barulho dos aviões e há cenas de sexo no espetáculo. Os doentes sem cama nos hospitais são integrados como figurantes, em camas confortáveis. Abre-se uma Pousada de Portugal, e os bares são entregues a pequenas e médias empresas. O espetáculo torna-se uma bomba mediática. A RTP muda os estúdios para o CCB. Pessoas ligadas ao espetáculo começam a ser assassinadas por grupos de contestação, ou são raptadas para que possam servir como moeda de troca para que o raptor possa ter um papel. Os tribunais mudam-se para dentro do espetáculo para garantir a lei. A polícia quer ver-se representada, e os presos têm acompanhar os polícias para que possam ser vigiados. Aos poucos, todo o Orçamento do Estado é absorvido por este projeto artístico, que acaba por transformar-se numa representação global do país.
O texto será escrito por Jorge Andrade. Convidámos Sérgio Martins e Rui Lima para uma incursão por um universo operático, e para comporem música para ser interpretada ao vivo por uma orquestra. A cenografia será um novo Portugal dos Pequenitos, mas dando agora aos monumentos portugueses a escala monumental que eles merecem, e que em Coimbra não encontraram, e pensando também na nova dimensão turística dos ex-líbris. Teremos dezenas de figurantes, alguns vindos das marchas populares, que serão coreografados por Fernando Santos, aka Deborah Kristall. O projeto será desenvolvido em diálogo com a dupla catalã Mont de Dutor em residência na mala voadora. Enfim, a encenação de Jorge Andrade será como uma grande orquestração de tudo isto, à imagem da gestão de um país! – mala voadora
- Jorge Andrade direção e texto
- Maria Jorge assistência de encenação
- Com Anabela Almeida, David Pereira Bastos, Isabél Zuaa, João Vicente, Manuel Moreira, Marco Mendonça, Maria Ana Filipe, Mónica Garnel e Tânia Alves, entre outros
- José Capela cenografia e figurinos
- António MV edição de imagem
- Daniel Worm D’Assumpção desenho de luz
- Rui Lima e Sérgio Martins música
- Fernando Santos coreografia
- José Carlos Duarte fotografia de cena
- António MV imagem de divulgação
- Jorge Jácome e Marta Simões vídeo de divulgação