A 17 de junho de 1985, Sting estreou-se em nome próprio, num disco de longa duração – desta feita sem os Police, grupo de que era vocalista, e conseguindo aumentar ainda mais o seu alcance. No 40.º aniversário de “The Dream of The Blue Turtles”, a Antena 1 presta-lhe tributo com um especial assinado pelo jornalista João Gobern, para ouvir na RTP Play e na emissão de rádio pelas 9h35, no “Programa da Manhã”, com repetição às 15h15.
Não são todas as primeiras obras que merecem um seriado, mas João Gobern vê bons motivos para ser este o caso de Sting. O que justifica ouvirmos esse álbum 40 anos depois? “As canções, claro”, refere o jornalista, sublinhando como vários temas se mantêm inalterados, desde “Russians” ao retrato da juventude patente em “Children’s Crusade”, passando por como “We Work the Black Seam” continua a refletir “os conflitos laborais e as dicotomias ricos/pobres e patrões/trabalhadores”.
Com sonorização de Luís Coelho e produção de Miguel Brejo da Costa, o programa dá conta da música, da “excelência dos arranjos e da produção, muito mais elegante (e não necessariamente menos eficaz), com a ajuda de músicos, por sinal todos negros e todos vindos do jazz, de primeira linha”:
Percebe-se que, mais ano menos ano, Sting precisava de abrir asas ou alargar horizontes face ao modelo musical dos Police. E, não nos esqueçamos que o moço vinha de um grupo de jazz funk, os Last Exit, de Newcastle. Ou seja, com muito mais meios e com a maturidade inerente à condição de estrela planetária, foi quase um regresso a casa.
Isso não foi tão imediatamente claro para João Gobern, que se intitulava, à época, “militante dessa força da (des)ordem que eram os Police”, para quem o lançamento a solo de Sting implicou “choro e ranger de dentes, por ver eclipsar-se uma banda de culto que, percebemos depois, só fez cinco discos e se despediu num pico de forma. Confesso que, no meu caso, esse profundo desgosto durou pouco tempo, porque tive oportunidade de ir a Madrid, logo em 1985, ver o concerto da primeira digressão a solo de Sting. Rendi-me, incondicionalmente.”
