Joia Creola de Ritinha Lobo é Disco Antena 1!
Oiça a reportagem de Ana Sofia Carvalhêda.
Ritinha é a mais recente grande voz a emergir da respeitadíssima família Lobo, que leva já cinco gerações a dar à música cabo-verdiana alguns dos seus mais respeitados cantores. E o seu primeiro álbum a solo, "Jóia Creola", fazendo justiça ao nome, é a revelação de uma autêntica pérola até aqui desconhecida da generalidade dos apreciadores de música. Com produção de Yami, "Jóia Creola" dá-nos a conhecer a esplendorosa voz de Ritinha Lobo, que interpreta aqui temas assinados por alguns dos mais respeitados compositores cabo-verdianos – Paulino Vieira, Orlando Pantera, Boy Gé Mendes e Ramiro Mendes –, originais de Yami e um axé do compositor brasileiro Lula Moreno.
Ali mesmo ao lado de Cabo Verde, só com um pedacinho de Atlântico pelo meio, em países como a Guiné-Bissau, Mali ou Senegal, os "griots" passam a sua arte musical, na mesma família, de geração em geração. É um saber antigo, que se reinventa e revitaliza em cada nova geração, mas sem nunca perder a sua antiga sabedoria. Não se sabe se a família Lobo tem ancestrais que tenham sido griots no continente
africano, mas sabe-se que, entre eles, a tradição musical já dura há cinco gerações. O mais conhecido de entre eles é o seu primo Ildo Lobo – cantor d’Os Tubarões (o mais respeitado e conhecido grupo cabo-verdiano de sempre) e autor de uma belíssima carreira a solo; falecido em 2004).
Mas também o avô Antonino, o primo Mirri e o pai Vasco sempre foram uma referência musical benéfica para Ritinha. Foi com Mirri, aliás, que Ritinha se estreou profissionalmente, cantando com ele no grupo Clave de
Sal (pouco depois rebatizado como Mobafuco).
Creola nascida no Sal, Ritinha cresceu rodeada de cantores e a música foi, desde cedo, a sua grande paixão. Em 1987 é, com onze anos, a vencedora da Gala dos Pequenos Cantores de Cabo Verde, tendo começado a cantar nos Mobafuco em 1994.
Os Mobafuco – com quem Ritinha gravou o álbum "Nós Raça" – eram o grupo residente do Hotel Morabeza, na ilha do Sal, e com eles a cantora apurou a voz em mornas, coladeiras, batuques e funanás, mas também música brasileira e portuguesa.
Em 1999 a sua carreira na música poderia ter tomado um rumo diferente: veio para Lisboa estudar canto lírico no S. Carlos e, durante dois anos, Ritinha integrou
formações de ópera. Mas o apelo da música cabo-verdiana, que lhe está literalmente no sangue, sempre foi mais forte.
Desde então, e recuperando o seu legado cultural, atuou variadíssimas vezes a solo, colaborou no álbum "Dedo d’Alma – Cabo Verde no Coraçon" do guitarrista Silvestre Fonseca, integrou o colectivo Muxima (de homenagem ao Duo Ouro Negro) e cantou ao lado de alguns dos maiores nomes da música cabo-verdiana como Cesária Évora, Titina, Ana Firmino, Ildo Lobo, Bana, Tito Paris, Paulino Vieira e Dany Silva e ainda
com outros cantores da esfera lusófona como Luís Portugal (o antigo vocalista dos Jáfumega), André Cabaço, Manecas Costa Dom Kikas ou Guto Pires.
É tempo de conhecer em disco e ao vivo "Jóia Creola", a sua enorme voz e a sua música em que Cabo Verde, que está nela sempre visceralmente presente, também lança pontes com outras músicas pan-africanas, a música brasileira e o jazz. E onde aproveita ainda para homenagear Cesária Évora, Ildo Lobo, Titina, Bana, Paulino Vieira e Tito Paris. A coroar tudo isto, Ritinha tem ao seu lado neste disco um naipe de fabulosos músicos: Yami (que, para além de assumir a produção artística, toca baixo,
guitarra e faz coros), Carlos Garcia (piano e sintetizadores), João Balão (cavaquinho),
João Frade (acordeão) e Marito Marques (bateria).
A produção executiva é de Hélder Moutinho.
Edição: HM Música.
Alinhamento:
-Assim Aqui (Yami)
-Nha Magia (Lula Moreno)
-Beleza Creola (Yami)
-Toca o Céu (Yami)
-Angola (Ramiro Mendes)
-É Bonita Nha Ilha (Yami)
-Jóia (Boy Gé Mendes)
-Poeta (Paulino Vieira)
-Sol di Manhã (Paulino Vieira)
-Tunuka (Orlando Pantera)