Cristina Nóbrega editou 2 discos de originais.
Ana Sofia Carvalheda conversou com a cantora que recorda, na Antena1, "Um Fado para Fred Astaire" e "Live at Mosteiros dos Jerónimos".
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Cristina
Nóbrega edita "Um Fado para Fred Astaire", Disco Antena 1!
Natural de
Lisboa, Cristina Nóbrega canta desde sempre, num percurso solitário que passa
por vários géneros musicais. Mas só no início de 2008 o Fado, descoberta e
paixão da juventude, ressurge, por ser neste género musical que encontra a
forma mais profunda de expressão e a magia de cantar em português.
Com dois álbuns editados e galardoada pela
Fundação Amália Rodrigues com o "Prémio Artista Revelação 2009", a fadista
prepara-se para lançar a 31 de Março
o seu terceiro disco, "Um Fado para Fred
Astaire". Com poemas de Tiago Torres da Silva e produção e direcção
artística de Pedro Jóia, este álbum inclui, entre outras surpresas, um dueto
inédito com a cantora cubana Omara Portuondo
O 1º
single, "Las cenizas de mis canciones", um dueto com a cantora cubana Omara
Portuondo, estrou dia 26 de Fevereiro aqui na Antena 1
Quando o projecto musical Buena Vista Social Clube surgiu em
1996 com um enorme sucesso mundial, uma voz sobressaía entre todas, a voz de
Omara Portuondo, a voz feminina do projecto. De imediato, Cristina
Nóbrega, longe de imaginar que um dia cantar também seria o seu
destino, se encantou com essa voz imensa e expressiva. Ouvi-la
era uma emoção e uma alegria.
Quando há 5 anos se conheceram, Omara comentou que
‘ já tinha cantado de tudo
mas não tinha ainda cantado um fado, e que adorava Amalia
Rodrigues’. Cristina pensou que, com a admiração que tinha por esta
excepcional cantora, talvez a vida um dia lhe proporcionasse realizar esse
sonho. Quando de novo se encontraram num festival de Jazz em Oeiras em 2012, combinaram
gravar um dueto. Surge assim o tema "Las
cenizas de mis canciones", com letra de Tiago Torres da Silva e música de
Pedro Jóia, um Tributo a esta grande cantora cubana, tocado com a formação
clássica do fado, guitarra portuguesa, guitarra clássica e contrabaixo.
Há vários anos em concertos pelo mundo, quer em nome
próprio quer com os Buena Vista Social Clube, Omara Portuondo
anunciou, no início de 2014, que iria realizar a sua última tournée
mundial. Com uma enorme devoção pelas grandes cantoras como Amália, Ella
Fitzgerald, Sarah Vaugham, Edith Piaf, entre outras, Omara
Portuondo, a cantora cubana de turbante, ficará seguramente na
história da música contemporânea e é por isso um privilégio extraordinário a
gravação deste dueto.
Cristina
Nóbrega edita "Um fado para Fred Astaire" a 31 de Março!
"Um fado para Fred Astaire" é o título do novo trabalho
discográfico de Cristina Nóbrega, com letras de Tiago Torres da
Silva. Produzido por Pedro Jóia, tem na Guitarra Portuguesa Rodolfo Godinho, na
viola de Fado Rogério Ferreira e Rodrigo Serrão no Contabaixo.
Este álbum é uma incursão no fado tradicional com fado
bailarico, fado cravo, fado amora, fado meia-noite, dois-tons, fado menor
com versículo, entre outros e duas marchas de lisboa.
O tema que dá nome ao álbum é cantado no fado menor com versículo de Alfredo Marceneiro e conta a história trágica de Amália Rodrigues, que ao descobrir que tem um problema de saúde grave, vai para Nova York para pôr termo à vida. Aloja-se num hotel e solicita na recepção um equipamento de video para se preparar para o terrível acto. As cassetes de video que lhe entregam são de musicais com Fred Astaire como protagonista principal. Quis o destino que a magia do cinema, a alegria, a música e a dança de Fred Astaire e seus pares, fizessem com que Amália tivesse vontade de se tratar, curar e de viver ainda mais de 20 anos. É deste modo que o dançarino Fred Astaire entra para a ‘história da saudade’ e do fado.
Num mundo de tantos desencontros, é uma benção encontrar alguém que promove o encontro. O encontro entre as almas, entre as palavras, entre as pessoas.
Num mundo de tanto artificialismo, é uma benção encontrar alguém que transporta a sua verdade como a coisa mais frágil e mais importante que possui.
Num mundo de tanta violência, é uma benção encontrar alguém que carrega em si a semente da delicadeza, que partilha a flor da delicadeza, que dá a colher o fruto dessa mesma delicadeza.
A chegada da fadista Cristina Nóbrega à minha vida é isto: uma benção tripla porque me torna melhor poeta, melhor amigo, melhor pessoa! E é por isso que este disco é isso tudo! Verdade nua e crua! Talvez para uns seja pouco, para outros talvez seja demais. Para mim, é a única forma de estar no Fado, a única maneira de ser, a única possibilidade de viver todas as tristezas e todas as alegrias com o coração aberto e a alma grata.
É assim que eu estou perante este disco, perante a Cristina, perante a vida: Grato!
Espero que quem ouvir o disco perceba isso mesmo: que verdade é só um dos nomes mais bonitos que podemos dar à gratidão. Obrigado!”
Tiago Torres da Silva