Um amigo disse-lhe uma vez que a sua vida é «comunicação», lembrando que começou a escrever nos jornais da terra onde nasceu, Nazaré, esteve na origem de rádios locais, foi carteiro, colecionou cartas e selos, publicou livros, escreveu alguns e, ainda hoje, convoca amigos para mesas fartas de conversa. Comunicar tem sido uma forma de estar. Mesmo num certo dia de 1988, quando um temporal queria mandar abaixo a antena da rádio, subiu ao último andar da torre e agarrou-se a uma das guias para que a antena não caísse.
Cresceu na rádio desde 1987, atravessando assuntos e geografias diversas. Noticiários, reportagens, entrevistas. Um dia, no verão de 1992, foi o primeiro a chegar à redacção do “Programa da Manhã” da Antena 1, impulsionado por Francisco Sena Santos. Eram 4 e um quarto da manhã quando o João Barreiros o viu de pé, à porta dos estúdios do Quelhas 2, como se estivesse à espera do autocarro. Desde aí, não mais parou. Tem ajudado a que a rádio pública seja melhor, rigorosa, credível.
Alguns trabalhos mereceram a atenção de melhores ouvidos, entre os vários prémios destaca-se o Prémio Gazeta de Rádio 2014, com uma grande reportagem Antena1 sobre o cante alentejano. Aliás, a viagem de Serpa a Paris, na camioneta que levou o Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa, foi um dos momentos que ficará na memória. Com ele seguia o Armando Carvalheda, camarada que não esquecerá. Mas também esteve na primeira visita de um chefe de governo à Checoslováquia, logo depois da queda do muro de Berlim, palmilhou as terras que hoje estão submersas pelas águas da barragem de Alqueva, testemunhou a guerra nos Balcãs, documentou as minas abandonadas em Portugal, esteve no acordo de Sexta-Feira Santa na Irlanda do Norte, viu na Namíbia a Unesco reconhecer os chocalhos como Património Imaterial e em tantos outros lugares ao longo de mais de três dezenas de anos.
De resto, deram-lhe tarefas de maior responsabilidade na rádio, desde agosto de 2013, que cumpre com satisfação e orgulho.