Duas dezenas de espetáculos, organizados pelo 23 Milhas, projeto cultural do Município de Ílhavo, partem ou direcionam-se para a “palavra”. Se nas primeiras edições a Milha desafiou os músicos a trabalhar o cancioneiro de Carlos Paião e a temática marítima, este ano é a partir do linguajar Ílhavo que escolas, bandas, artistas, ranchos, criadores, poetas, djs e comunidade são convidados a pensar momentos inéditos em que se encontram na e para as suas cidades.
A Milha surgiu em 2017 destinada a ser uma plataforma de encontro entre artistas, bandas, escolas e outras associações culturais locais. A partir desta Festa, têm surgido projetos que se estendem para lá da Milha e redes que se fortalecem. A produção musical ilhavense tem sido encorajada, tendo crescido ao longo dos últimos dois anos. Além de se criarem oportunidades no contacto entre agentes locais, a Milha tem criado, através de parcerias externas, novos estímulos para a criação de uma cena musical ilhavense.
Além dos espetáculos exclusivos, dos incentivos às combinações inéditas e das estreias, a Milha aposta também na formação. Este ano há duas oficinas, uma de criação, com a ondamarela, outra de agenciamento, com Márcio Laranjeira.
Num cartaz com mais de vinte espetáculos, de showcases a um baile, destaque para a exibição do filme “Heróis do Mar”, longa-metragem dos anos 70, aqui dobrada e encenada por Alexandre Sampaio e musicada pela Orquestra Filarmónica Ilhavense com a orientação de Henrique Portovedo, depois de restaurada, a sua única cópia, pela Cinamateca-ANIM. Nota ainda para “Dito por não dito”, uma criação de Rui Sousa que trabalha o efeito repetitivo do linguajar e dos movimentos da dança de um rancho folclórico, contando com a participação dos solistas Andreia Alferes, Ricardo Fino e Vanessa Marques Oliveira e ainda dos ranchos do Município de Ílhavo.
A Milha acontece na Casa da Cultura de Ílhavo e na Fábrica das Ideias da Gafanha da Nazaré.