O Festival “Lisboa, Capital, República, Popular” realiza-se em Abril no Musicbox, Lisboa.
O cartaz propõe Couple Coffee, J.P. Simões e Sérgio Godinho (dia 16, quinta-feira); Janita Salomé, Sam the Kid e Cool Hipnoise (dia 17, Sexta-feira); Dead Combo, Camané e José Mário Branco (dia 18, Sábado).
Abril como inspiração para as lutas e as causas de hoje é o mote da iniciativa que contempla a edição de um jornal gratuito, nas ruas dia 9 de Abril.
Oiça aqui a reportagem de Ana Sofia Carvalhêda.
"Será que hoje, volvidos 35 anos sobre a revolução dos cravos, em plena era digital em que as novas velocidades da comunicação alteraram quer a ordem mundial quer a forma como vemos e nos vemos no mundo, ainda farão sentido as palavras de ordem que foram apanágio do 25 de Abril?
Será que o combate pela Liberdade, Igualdade e Democracia ainda está na ordem do dia?
Será que, neste momento da história em que se questionam todos os sistemas políticos, os ideais humanistas e o desejo de criar uma sociedade mais justa, ainda prevalecem como razões para a luta?
Será que os ideais que moveram os capitães de Abril ainda se justificam como motor de um qualquer movimento social?
Apesar de nas últimas três décadas a nossa sociedade ter assistido a um desenvolvimento crescente, e de actualmente o acesso à saúde, à educação e à cultura – e a muitas das outras chamadas conquistas de Abril – serem um facto adquirido para a generalidade da população, é inegável o desconforto social vigente, tenha ele origem nas crescentes assimetrias, desigualdades e falta de oportunidades, ou no colapso do “el dourado” sistema económico liberal.
Numa era em que se vislumbram novas formas de controlo do tecido e contestação social, em que alguns agentes nos impõem novos formatos de censura, em que a profusão de informação torna por vezes difícil descortinar as verdades faz, ainda e como é óbvio, sentido falar de Liberdade; dessa Liberdade que nos urge a não deixar apagar da memória colectiva as lutas e os combates travados por ideais que são de sempre. Mas, mais do que lembrar Abril, há que dar-lhe vida e fazer da Revolução que elegeu uma flor – o cravo – como símbolo de paz, mudança e transformação, o motivo e o mote para uma reflexão permanente e actual.
Aqui lançamos debate: Quais são hoje as grandes causas? Como nos relacionamos com elas? Como é que as comunicamos? Como, e para quê, se mobilizam as novas gerações? Como se motivam as mais velhas?
Aqui estamos prontos para o combate e a nossa arma é uma das mais poderosas: a Canção. Eis pois Lisboa, Capital, República, Popular! Um evento para lembrar Abril e os seus arquitectos, um acontecimento que queremos como inspiração para pensar e agir."
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