E
eis um galo que tropeça num paradoxo:
O
conhecimento concedeu-lhe o livre arbítrio que lhe permitiu emancipar- se do
velho pai castigador, mas, ao mesmo tempo, depositou-lhe na alma uma momentânea
nostalgia do tempo em que o Pai ralhava com ele pelos erros cometidos.
A
história deste galo conta-se e canta-se através da escrita de Carlos Tê e da
Música de Manuel Paulo.
Chama-se
Missa do Galo a celebração que Edgar Canelas lhe propõe!
*****
De
Carlos Tê e Manuel Paulo com Encenação de Luisa Pinto
MISSA
DO GALO
A peça
"Missa do Galo" será reposta no Cine-Teatro Constantino Nery de 6 a 15 de
Janeiro (terça a sábado às 21h30, domingo às 16h00)
No dia
6 de Janeiro, depois da estreia, será o lançamento do Livro/CD desta peça
ilustrado por Manuela Bacelar, com entrada livre.
A
Missa do Galo segue livremente a estrutura dramática e litúrgica duma missa
católica romana. Inspira-se nas velhas Missas do Galo transmontanas com
desgarradas assentes em motes do Evangelho, acompanhadas à concertina, aqui
substituídas por canções. O galo desta missa é o Homem que ascendeu ao poleiro
da ciência e da tecnologia e que, perante o espelho da sua admirável
prosperidade, tem um assomo de melancolia ao perceber que, apesar de ter tudo,
continua a padecer da inveja, da mesquinhez e da ganância. A missa recorre à
metáfora central duma barca que atravessa a História num roteiro de factos e alertas
contra os perigos da repetição e do esquecimento. Nesse percurso eucarístico,
com vista à redenção e ao perdão, o galo tropeça num paradoxo: o conhecimento
concedeu-lhe o livre-arbítrio que lhe permitiu emancipar-se do velho pai
castigador, mas, ao mesmo tempo, depositou-lhe na alma uma momentânea nostalgia
do tempo em que o Pai ralhava com ele pelos erros cometidos. Vê-se assim
confrontado com o preço da liberdade: solidão da responsabilidade. A missa é o
espaço introspectivo que disseca a melancolia proveniente dessa
responsabilidade – que ele combate com o consumo enquanto modo de vida, e cujo
corolário é o primado da tecnocracia sobre tudo e a ameaça de esgotamento de
recursos do planeta. O processo assenta numa espécie de monólogo shakespereano no
qual o galo é visitado pelos seus fantasmas interiores, juízes da consciência
que o vêm julgar por ter substituído o Humanismo dos últimos cinco séculos pelo
neo-liberalismo dos últimos trinta anos, onde as pessoas são apenas números e
estatísticas. O veredicto é ser transformado em arroz de cabidela, num
sacrifício votivo e solsticial.
M/12
Autoria de Carlos Tê e Manuel Paulo
Encenação Luisa Pinto
Cenografia Joao Mendes Ribeiro e Catarina Fortuna
Figurinos Cátia Barros e Luisa Pinto
Interpretação Antonio Durães, Elisa Rodrigues, Flora Miranda,
Inês Sousa, Isabel
Carvalho, Joao Miguel Mota e Rui David
Músicos André Hollanda (bateria/toy piano), Manuel Paulo
(piano/teclado), Marco
Nunes (guitarra), Miguel Ramos (Baixo) e Pedro Vidal (guitarra/pedal
steel/banjo)
O
preço dos bilhetes é de 7,50€ e as reservas devem ser feitas pelo telefone 22
939 23 20.