Quando Tozé Brito e José Cid se conheceram, havia um país por resolver e outro por inventar. Partilharam ensaios, viagens, tertúlias e vivências. Aprenderam juntos a fazer. Sem eles, a música portuguesa não seria a mesma, mas a história ainda não acabou. Tozé Cid sintetiza a cumplicidade entre ambos num documento histórico de revisão de canções de 1969 a 2023.
Uma amizade que remonta aos dias do Quarteto 1111, quando Tozé Brito entrou para o grupo em 1970, o ano do histórico álbum de estreia, do qual revisitam João Nada, Domingo em Bidonville e Pigmentação (a primeira canção escrita em Portugal sobre a xenofobia), todas proibidas pela censura, retiradas do ar e os discos das lojas. Do mesmo ano, chega Todo o Mundo e Ninguém, a primeira escrita a quatro mãos, originalmente editada em single e celebrizada em 2017 por ter sido samplada por Jay-Z em Mercy Me. E do Quarteto, voltam ainda a Memo e Os Rios Nasceram Nossos, ambas do single de 1987, que assinalou a reunião do grupo para comemorar vinte anos de carreira.
Aos Green Windows, a banda formada quando os dias do Quarteto se aproximavam do fim, resgatam dois lados B: Bola de Cristal (de 1973, parceira de No Dia Em Que O Rei Fez Anos) e Uma Nova Maneira de Encarar O Mundo (de 1974, a outra face do clássico Vinte Anos). As restantes quatros provêm de discos de José Cid: Lisboa Ano 3000 (1971), Mitos (1989), Soldados Desconhecidos (1994) e João Gilberto e Astor Piazzolla (2018).
Para este exercício de revisitação e reconstrução do património conjunto, Tozé Brito e José Cid optaram por escolher canções menos conhecidas do público, com perfil atual. A dupla deu prioridade às vozes, e elaborou arranjos de roupagem acústica, com recurso a instrumentos tradicionais como concertinas, acordeões, gaitas de foles e flautas, a juntar às guitarras acústicas, baixos, teclados e percussões. As gravações decorreram no estúdio de José Cid.