Grandes nomes do fado unem-se ao jazz no disco “JazzInFado”.
As melhores canções do fado, os seus melhores intérpretes e alguns dos mais importantes músicos do jazz latino atual juntam-se agora num disco inovador, “JazzInFado”. Este disco procura alargar as fronteiras do fado, reunindo grandes fadistas, nomeadamente Carlos do Carmo, Hélder Moutinho, Carminho, António Zambujo, Raquel Tavares, Marco Rodrigues, Ana Bacalhau, Cuca Roseta, Maria Berasarte e Joana Almeida, que interpretam temas emblemáticos da história do fado aliados às harmonias do jazz latino.
“JazzInFado” chega às lojas no próximo dia 10 de novembro, numa altura em que se celebram os seis anos desde que o fado foi elevado a Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO.
A ideia de juntar estes grandes nomes do fado às harmonias do jazz partiu de Óscar Gomez, músico e produtor cubano, a viver atualmente em Espanha, vencedor já de cinco Grammys, membro do Board da Academia dos Grammys Latinos e cujas produções já venderam mais de 20 milhões de discos em todo o mundo.
“Sempre gostei de ser transgressor e rebelde”, afirma o produtor. “O que fizemos foi aproximar o fado ao jazz e enriquecê-lo harmonicamente […] e entrar em ritmos das Caraíbas, flamengos, brasileiros, bossa nova, tango. Entrar nos ritmos trabalhados no jazz latino e enriquecer um pouco as harmonias, respeitando sempre, obviamente, as melodias e as letras”.
“JazzInFado” foi gravado entre Madrid e Lisboa e nas gravações os fadistas foram acompanhados de músicos maioritariamente cubanos, como é o caso de Pepe Rivero ou de Ivan “Melon” Lewis.
“JazzInFado” é um objeto único que evidencia a imensa riqueza do fado, mas mostrando como esta música também dialoga de forma inovadora com o jazz.
Alinhamento:
01 Carlos Do Carmo – “Lisboa, Menina E Moça”
02 Hélder Moutinho – “Estranha Forma De Vida”
03 Carminho – “Escrevi Teu Nome No Vento”
04 António Zambujo – “Veio A Saudade”
05 Raquel Tavares – “Limão”
06 Marco Rodrigues – “Solidão”
07 Ana Bacalhau – “Fado Português De Nós”
08 Cuca Roseta – “Coimbra”
09 Maria Berasarte – “A Nadie Se Lo Confieso”
10 Joana Almeida – “Tudo Isto É Fado”
"Conhecia Lisboa como turista. Nalgumas ocasiões, com a minha família, em que desfrutei e apreciei da sua beleza e do seu estilo inconfundível, bem como da sua elegância decadente. Não conhecia o fado de perto… e, na verdade, nem mesmo de longe… apenas algumas referências a canções e cantores deste género, que chegaram um pouco até Cuba, onde nasci e vivi toda a minha vida infância, e a Espanha, durante toda a minha trajetória profissional no mundo da música, ao longo de mais de 40 anos.
A música é o pilar da minha vida, a coluna vertebral dos meus sentimentos, emoções, tristezas e alegrias. Tudo à minha volta soa harmonioso a cada segundo da minha existência…
E foram dois bons amigos, artesãos das emoções como eu, harmoniosos e alegres, Sydney e Iván, e mais tarde o meu mestre, que muito admiro, Carlos do Carmo, que me “apresentaram” o Fado numa noite inesquecível na Casa do Fado, no bairro de Alfama.
Fiquei alucinado.
Apaixonei-me de imediato – foi um agradável amor à primeira vista – não só pelas músicas e pelas letras durante tanto tempo ignoradas pela minha condição de “salseiro”/”rockeiro”/“popeiro” -, mas também pelo ritual, pela devoção, pelo silêncio respeitoso da audiência (que jantava no momento mágico em que uma guitarra portuguesa, um baixo e uma voz interrompiam, de repente, a refeição, para cantar três fados – sim, apenas três – no meio da sala, sem palco nem amplificação, a nu) tão semelhante à devoção, ao respeito e ao silêncio do público de jazz.
O jazz. Esse mundo extraordinário de música e músicos impossíveis, donos da perfeição emocional, mas que também esteve esquecido e guardado numa gaveta no meu coração durante muitos anos. Esse alimento imprescindível na minha atual circunstância vital, que o meu pai me inculcou na Havana dos anos 50 quando, na minha casa em El Vedado, ouvíamos, no nosso gigantesco gira-discos, Dave Bubreck, Gene Kruppa, Oscar Peetersen e tantos outros artistas geniais que o meu pai consumia com fervor quando regressava a casa depois de ter feito as suas cirurgias no hospital Calixto García.
O mesmo jazz que hoje me mantém vivo e que me renovou a esperança na minha firme crença de que a música pode mudar este mundo inexplicável onde vivemos…
De modo que disse para mim mesmo: porque não casar os dois? Porque não experimentar como podem conviver, sabendo de antemão que têm tantas semelhanças?
O Fado e o Jazz – latino, por sinal, porque a minha condição caribenha a isso me obriga – juntos para viajar pelo mundo…
As melhores vozes do Fado, os melhores músicos de jazz latino, os melhores fados, uma aventura nova e excitante. E é isso.
E tudo começou a correr bem. A Universal acreditou, os fadistas acreditaram e eu pus mãos à obra, até chegar aqui, ao nascimento do JazzinFado.
Quero agradecer a colaboração imprescindível do meu co-produtor Javi L. Rollan e a genialidade dos mestres Pepe Rivero e Iván “Melon” Lewis com os seus arranjos e a sua magia ao piano. Obrigado também à Ana Hernández e ao Tiago Palma pela confiança e apoio permanente.
Espero que gostem."
Oscar Gomez