4ª feira dia 26 de Abril António Macedo conversa no "Programa da Manhã" com Elisio Summavielle, Presidente do CCB sobre Os Dias da Música que decorrem no CCB de 28 a 30 de Abril.
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Os Dias da Música
Os Dias da Música são, sem dúvida, o principal festival de música clássica em Portugal. Este fim de semana de primavera que traz ao CCB dezenas de milhares de pessoas para celebrarem a música, suscita sempre uma grande expectativa entre público e artistas, não só em Portugal como no estrangeiro, sendo, por isso também, o festival de música clássica que maior cobertura mediática tem em Portugal.
Com um tema diferente todos os anos, procura-se lançar pontes entre a música clássica e outros mundos e outros olhares, quebrando-se barreiras, levando a música clássica e os intérpretes ainda mais longe. Este ano o mote é a relação entre a música e a palavra, sob o título de As Letras da Música.
As Letras da Música, ou o eterno tema “da música e da palavra”? Segundo a pianista mas também ensaísta e novelista holandesa Margriet de Moor: “Dizem que a criação é demasiado grande para os homens, demasiado grande e demasiado confusa, e que, precisamente por este motivo, se inventou a linguagem. Língua, palavras, e no final das palavras a música. Criação de Deus dissolvida numa poção inventada pelo homem.”
Esta questão ocupou artistas de todos os tempos. Salieri encontrou uma explicação em Prima la musica e poi le parole, como seria natural para um italiano do século XVIII, a música encima de todas as artes, mesmo que quando apoiada nas palavras. Questão que o dramaturgo Hugo von Hofmannsthal vai abordar com o compositor Richard Strauss em algumas das suas produções mais importantes.
Dê-se primazia às palavras ou dê-se primazia à música, a verdade é que quando a música casa com as palavras algo de mágico acontece, como nos provam tantos e tantos compositores, desde os trovadores medievais, aos cantautores dos nossos dias. Mas as palavras não aparecem apenas nas obras cantadas. Muitas vezes a música foi beber inspiração às obras intemporais da literatura, levando as palavras consigo sem as pronunciar. Aconteceu assim com quase todos os grandes compositores da história. Mesmo sem palavras, essas encontram-se presentes em variadíssimas obras como é o caso dos poemas sinfónicos, das fantasias, das inúmeras obras para piano escritas tendo como base monumentos da literatura universal.
Mas o contrário também aconteceu quantos e quantos escritores não louvaram as musas da música? Quantos e quantos não se juntaram a outros tantos compositores para imortalizarem as suas palavras através da música?
É precisamente esta relação entre a música e as palavras que queremos explorar nestes Dias da Música, com alguns dos mais destacados intérpretes nacionais estrangeiros, como o violoncelista russo Pavel Gomziakov, a violinista responsável pela abertura dos Jogos Olímpicos de Sochi, Tatiana Samouil, o mais importante pianista português da atualidade, ainda há pouco reconhecido em Inglaterra como um dos melhores do mundo, Artur Pizarro, a Orquestra Sinfónica e a Orquestra de Câmara Portuguesa, a Orquestra Metropolitana, o Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa, a Orquestra XXI que integra músicos portugueses com lugares de destaque nas principais orquestras mundiais, todos estes se reunindo no CCB para mais um grande concerto.