Armandinho e Paredes: Herança da Guitarra Portuguesa
O guitarrista Pedro Jóia e o Quarteto Arabesco propõem um concerto em torno de dois guitarristas portugueses de referência: Carlos Paredes e Armando Augusto Freire, mais conhecido por Armandinho.
Com arranjos musicais arrojados, criados por Pedro Jóia para guitarra e quarteto de cordas, este é um concerto pensado para redescoberta e reinvenção da música portuguesa.
Carlos Paredes foi um dos maiores músicos e compositores portugueses do século XX, cujo inestimável legado musical contribuiu para nos reencontrarmos com a nossa identidade de portugueses. Armando Augusto Freire foi outro exímio instrumentista da guitarra portuguesa, inovador e precursor da escola de guitarra que hoje conhecemos.
Ana Sofia Carvalheda conversou com o musico compositor antes do concerto de sábado, na capital.
PEDRO JÓIA
Nasceu em 1970. Iniciou, aos sete anos, estudos de Guitarra Clássica na Academia dos Amadores de Música, com o Professor Paulo Valente Pereira.
No ano de 1985 transferiu-se para o Conservatório Nacional, onde estudou com o Professor Manuel Morais e concluiu o curso de Guitarra Clássica em 1990.
A partir de 1986 iniciou-se no estudo de Guitarra Flamenga, primeiro como autodidata e depois através de cursos e de “masterclasses” em Espanha (Jerez de la Frontera e Cordoba) com os guitarristas Paco Peña e Manolo Sanlúcar. A relação de aluno com o segundo manteve-se até 1998.
GUADIANO (1996) e SUESTE (1999) foram os discos que colocaram o guitarrista e compositor Pedro Jóia no panorama da música feita em Portugal. Embora no início com uma forte influência e gosto pela guitarra flamenca, as suas origens portuguesas acabaram por falar mais alto. Assim, VARIAÇÕES SOBRE PAREDES (2001) marcou uma outra fase na sua carreira, homenageando um dos grandes mestres da Guitarra de
Coimbra.
Depois de JACARANDÁ (2003), disco onde reuniu uma série de músicos brasileiros, como Elba Ramalho, Simone, Zeca Baleiro, Zélia Duncan, entre outros, viaja para o Brasil, onde colabora intensamente com Ney Matogrosso, entre 2003 e 2006.
Regressa a Portugal em 2007 para gravar o seu quinto disco, À ESPERA DEARMANDINHO, uma interpretação de transcrições para guitarra clássica de obras originalmente compostas para guitarra portuguesa por Armandinho, outro dos seus mais importantes instrumentistas, neste caso da Guitarra de Lisboa.
O espetáculo “Mourarias”, que concebeu em duo com o percussionista Vicky, pretendeu reunir temas da sua autoria, numa reflexão sobre as suas origens como músico e compositor, referenciados nos seus dois primeiros discos, GUADIANO e SUESTE, e agora também sobre os dois mais importantes compositores e instrumentistas das guitarras de Coimbra e de Lisboa.
QUARTETO ARABESCO
O Quarteto Arabesco é um agrupamento que se tem dedicado, de forma pioneira em Portugal, a interpretações historicamente informadas, em instrumentos da época, de música dos períodos barroco e clássico. Desde a sua estreia em 2006, com uma interpretação do Requiem de Mozart transmitida em direto pela Antena 2, realizou mais de 140 concertos nos principais festivais e salas de Portugal (Fundação Gulbenkian, Casa da Música, CCB, entre outros), assim como na rádio e em numerosas gravações. Colabora regularmente com solistas e agrupamentos de destaque, apresentando-se igualmente como Ensemble Arabesco em formações mais alargadas.
O seu trabalho tem recebido reconhecimento dos mais variados quadrantes. Está atualmente a preparar a gravação de um conjunto de quartetos de Almeida Mota.