É inegável colocar Sérgio Godinho no centro da vida portuguesa desde que nos finais de 1971 publicou o seu primeiro trabalho discográfico, o EP “Romance de um dia na estrada”, que antecedeu em pouco meses a edição do LP “Os Sobreviventes”, obra charneira da nova música portuguesa.
A celebrar 50 anos de actividade criativa, onde se incluem mais de três dezenas de registos discográficos, entre gravações em estúdio, ao vivo e em colaboração, o “escritor de canções” é figura central no que de mais importante e interessante se produziu em termos líricos e musicais em Portugal.
O mais recente, “Nação Valente”, o seu 18º álbum de estúdio, assumirá papel de destaque nesta noite. As mais recentes criações e que trouxeram colaborações inéditas, inesperadas e, diríamos, bem-sucedidas com David Fonseca, Filipe Raposo ou com o velho companheiro José Mário Branco, serão testemunhos da vitalidade criativa de Sérgio Godinho.
Mas talvez que a apresentação desta noite possa assumir o título de “Nação Valente & Outras Histórias”, afinal estamos perante uma voz que nos conforta e inquieta desde a década de 70 do século passado e em que olhar a sua obra é também descobrir uma parte significativa da nossa vivência, do nosso quotidiano, do amor, das lutas, das perdas e das alegrias. Aliás, ainda recentemente, em pleno confinamento, proporcionou-nos “O Novo Normal”, a canção que sintetiza tanto do que a situação vivida nos últimos dois anos nos desafiou a viver.
Outras histórias também porque o concerto de Loulé terá pela primeira vez na carreira de Sérgio Godinho uma intérprete de Língua Gestual Portuguesa em palco, de modo a que o público S/surdo (com “S” maiúsculo são falantes de Língua Gestual Portuguesa) possa seguir as narrativas que o autor tão bem constrói. Recorde-se que o Cineteatro Louletano faz parte da recém-criada Rede de Teatros com Programação Acessível, que promove espetáculos acessíveis a pessoas com deficiência, entre elas cegos e/ou S/surdos, com o apoio da Associação Acesso Cultura e da Fundação BPI/La Caixa.
Um espetáculo a não perder, com emoções fortes seja qual for o nível de experiência do público na arte godineana – para os novatos, uma descoberta; para os habitués, também uma descoberta, mas continuada.
- Sérgio Godinho: voz
- Nuno Rafael (direcção musical): guitarras eléctricas e acústicas, cavaquinho, lap steel guitar, teclado, percussão, coros;
- Miguel Fevereiro: guitarras eléctricas e acústicas, percussão, coros
- Nuno Espirito Santo: baixo, guitarra, teclado, percussão
- João Cardoso: teclados, samplers, coros
- Sérgio Nascimento: bateria, percussão