A estória (como numa alegoria)
Um dia, um miúdo louro que usava o cabelo cortado à americana, fez de um pau uma guitarra e das pedras um grupo: como Pessoa ergueu castelos.
Almada olhava Lisboa, embevecida com o brilho dos candeeiros a soprar o pôr-do-sol; o pórtico da Lisnave empurrava navios a duas cores do mar da Palha até à foz do Tejo.
O som que saía urgente dos fios eléctricos; as palavas gritadas sobre o rufo dos tambores; a liberdade sem guerra dessa juventude, firmaram o rock português. Nasceu em Almada, como o conhecemos.
O filme
Mas os UHF são muito mais do que um ritmo quatro por quatro, integrando o cancioneiro da música urbana. Quatro décadas sem pausas, sem duplicidade profissional, é obra, um caminho tão corajoso que podemos perguntar se esses 40 anos de palcos e canções passaram a correr. Não passaram, a música, mesmo a fortemente ritmada, tem a sua beira-mar de sonhos tempo pedido ao tempo, versos, refrão, um solo, uma urgência, a inquietude. Alegria a rodos, celebração.
Dezembro UHF
Na última semana de Dezembro, os UHF realizam dois concertos temáticos – 40 Anos Numa Noite – para reunir a voz e as palmas do seu público fiel: «Sem canções e sem fãs, por mais teimosia que houvesse, não haveria UHF», disse e repetiu o líder e fundador do grupo, António Manuel Ribeiro, em inúmeras entrevistas.
Os concertos
Lisboa, Aula Magna, a 22/12, e Porto, Casa da Música, a 29/12, são as datas escolhidas para não esquecer o rumo premonitótio desse primeiro concerto a sério no dia 18 de Novembro de 1978, na discoteca Brown’s, em Lisboa.
Sob o alto patrocínio da Associação Mutualista Montepio, e os apoios da RTP, Antena 1 e Câmara Municipal de Lisboa, os UHF prosseguem a festa da sua música rodeados por convidados especiais. O espectáculo de Lisboa será gravado pela RTP.