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Os Dias que Correm

Fernando Alves | 15 nov, 2024, 09:00

A máquina lírica

A rubrica diária de Fernando Alves nas manhãs da Antena 1, para ouvir e ler.

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O que guardamos dos dias. O que passando, fica. Fernando Alves na Antena 1.

Ver Programa

Dois investigadores da universidade de Pittsburgh colocaram mais de 1600 pessoas diante de dez poemas. Cinco desses poemas haviam sido gerados por Inteligência Artificial, tomando como modelo o estilo de poetas como T.S.Elliot ou Lord Byron. Os leitores não conseguiram distinguir, entre os dez poemas, quais eram genuinamente de Shakespeare ou do Nobel de Literatura influenciado por Pound e quais tinham sido gerados por sistema informático. Mas tendiam a preferir, por serem “mais directos e acessíveis”, aqueles que tinham sido produzidos pela artificiosa máquina lírica. Máquina lírica não vos soa a Herberto? Soa-vos bem. Que diz mais a notícia? Diz que a alegada maior compreensão dos poemas gerados por Inteligência Artificial conduziu a maioria dos participantes à convicção de que esses, os “mais fáceis de compreender”, eram os poemas de “autoria humana”. Dito de outro modo: a malta prefere poemas da IA. IA, meu.

Se o mercado se render ao filão da poesia produzida artificialmente podemos imaginar amantes do antigo e humano modelo criativo procurando velhas livrarias como se procurassem abrigos nucleares. Uso a palavra “nuclear” querendo significar “central”, “essencial”. Querendo significar a sua importância desmesurada.

Manoel de Barros, meu poeta tão amado deixou firmados estes versos sobre importâncias quando nem se falava de Inteligência Artificial: “O cu de uma formiga é mais importante para o poeta do que uma usina nuclear”.

Assim pudesse surgir, entretanto, um Álvaro de Campos que nos grite com novas palavras, com novas humanas palavras: “Estou cansado da inteligência. Pensar faz mal às emoções”. Um futuro criador de geniais heterónimos ousará lançar ao Chat GPT o verso mote desabrido “Estou cansado da inteligência artificial”?

Lá está Herberto no Poemacto: “As vacas dormem, as estrelas são truculentas/ a inteligência é cruel/ Eu abro para o lado dos campos. / Vejo como estou minado por esse / puro movimento de inteligência. Porque olho / rodo nos gonzos como para a felicidade/ Mais levantadas são as arbitrárias ervas/ do que as estrelas/ Tudo dorme nas vacas/ Oh violenta inteligência onde as coisas/ levitam preciosamente”.

É possível? Será possível que a IA detenha esse poder que o poeta alcança e de que fala Ruy Belo num poema. “Na minha juventude antes de ter saído/ da casa de meus pais disposto a viajar / eu conhecia já o rebentar do mar / das páginas dos livros que já tinha lido”. Está no “Homem de palavra(s)” esse poema que termina com o poeta perguntando-se quando foi isso, não tendo para essa pergunta resposta bastante. Isso explica os versos finais do poema: “Só sei que tinha o poder duma criança/ Entre as coisas e mim havia vizinhança /E tudo era possível, era só querer”.

A notícia que motivou esta deambulação diz-nos, da IA, a possibilidade de que ela confunda leitores, mais ou menos calejados, de poetas maiores. Admitamos que, com a sua vasta asa tecnológica, essa possibilidade abranja tudo. E que tudo seja possível, mesmo se apenas ilusoriamente possível. Também, nesta nova frente poética, genialmente enganadora, bastará querer? Se sim, até onde irá o querer desta fonte geradora de formidáveis enganos?

Texto e programa de Fernando Alves
Os Dias que Correm

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