A investigadora Gabriela Marques trava desde há vários anos um combate valoroso em defesa da Mata Nacional do Urso, uma das maiores manchas florestais da região centro, na qual o pinhal mandado construir por D. Afonso III continua a ser dominante, embora convivendo com espécies invasoras como a acácia, o eucalipto e a perigosa erva das pampas à qual Portugal se comprometeu a dar luta, numa acção concertada com a Espanha e a França e enquadrada num projecto da Comissão Europeia.
Gabriela Marques conhece muito bem a realidade da Mata para a qual defende a criação de uma área protegida. Há dois anos, concluída a tese de doutoramento, a investigadora organizou o primeiro bioblitz na Mata do Urso e isso possibilitou o levantamento de todo o seu riquíssimo ecossistema que inclui uma dezena de espécies raras, duas delas ameaçadas.
Uma notícia recente do jornal Região de Leiria chama-nos, de novo, a atenção para a Mata onde a lenda sustenta que D. Dinis lutou com um urso e para a urgência da criação de mecanismos legais que a protejam.
Gabriela Marques é natural do Carriço, uma povoação no coração da Mata que vai buscar o nome à circunstância de ali existirem muitos carriços. Ora, na sequência das caminhadas interpretativas e das residências científicas que realizou na Mata ela pôde identificar quatro espécies diferentes de carriços ao mesmo tempo que fez o levantamento dos tantos tesouros que a Mata guarda.
Gabriela comparou também as características mais importantes da Mata Nacional do Urso com as da vizinha Mata Nacional das Dunas de Quiaios, considerada área protegida. Dadas as similitudes, a investigadora interroga-se quanto à razões que impedem a atribuição de tal classificação à sua mata encantada.
Em Outubro, conta o jornal Região de Leiria, ela lançou uma petição pública reclamando a atribuição da classificação de área protegida à sua Mata, no interior da qual há lagoas e trilhos de belos nomes, como o da Baleia Verde. Na petição considera-se que tal medida é urgente, dada a extrema valia deste espaço natural onde cantam o melro e o gaio, a rola e a perdiz.
Já os carriços, lamento desiludir-vos se vos ocorreu tratar-se de um passarinho também chamado carriça e esconderijeira (e confesso que também caí na esparrela) são uma espécie botânica aparentada ao junco e à qual atribuem propriedades medicinais.
Entra um novo ano com a recolha de assinaturas para a petição pública Juntos Pela Mata do Urso. Não tarda, será a petição submetida à Assembleia Municipal. Lá estará a minha assinatura.
É muito mais fácil do que lutar com um urso, com espécies invasoras ou com outros interesses obscuros.