Houve mais do que um 25 de Abril no Humor. E teve várias figuras decisivas. Como diria Nuno Artur Silva: Raúl Solnado foi um Humberto Delgado, Nicolau Breyner um Levantamento das Caldas, e Herman José, enfim, a Revolução dos Cravos. Isto para falar apenas de alguns (não esqueçamos que, nesta história, também há “algumas”).
Houve mais do que um 25 de Abril no humor porque as mentalidades não se mudam por decreto, e depois do fim da censura e do regime Fascista, o país dedicou-se primeiro a teatro e produção muito mais politizada do que pop. Só nos anos 80 é que realmente o Humor disruptivo toma conta do país.
No entanto, há muito por descobrir nos meandros da Televisão, Rádio, Cinema, e Cartoons portugueses dos anos de 75 ao início do seculo XXI… e também antes, dos anos 50 à Feliz “Madrugada que se esperava” do 25 de Abril de 74.
Numa viagem de várias décadas, do início dos programas de humor radiofónicos à entrada em força das mulheres no Humor, vamos perceber o que nos tem feito rir… e como.
Como o Teatro de Revista inspirou o Humor radiofónico, como em ambos nasceram as técnicas para driblar a censura, como os clássicos “Parodiantes” e “Voz dos Ridículos” atravessaram décadas sempre a emitir, como o humor televisivo contemporâneo deu os primeiros passos com actores oriundos da revista como Francisco Nicholson e Armando Cortez em “Riso e Ritmo”, e como o “Zip Zip”, com Raúl Solnado, foi pedrada no charco em plena “Primavera Marcelista”.
Como os Monty Python invadiram a televisão logo após o 25 de Abril, influenciando a geração que viria a criar as Produções Fictícias, e como Herman desceu de um OVNI e fez, quase 10 anos depois, a segunda revolução que faltava: a do Humor em Portugal.
E atenção, porque vai descobrir que há uma terceira.
Num documentário que junta pessoas que viveram antes e depois do 25 de Abril juntamos Lídia Franco, Fernando Heitor, Nuno Artur Silva e Patrícia Castanheira. A geração que estava nos 30 anos em 1974, a que estava com 20, a que tinha 11 anos, e a que tinha 2 meses.
Histórias diferentes, mas todas nascidas de pessoas que devem a carreira a esse acto de liberdade. E todos eles, e elas, pessoas que sabem onde é que estavam no 25 de Abril.