Eduardo Lourenço completaria hoje 100 anos. Professor, filósofo, escritor, crítico literário, ensaísta e interventor cívico, várias vezes galardoado e distinguido. Um dos pensadores mais proeminentes e um dos vultos da cultura portuguesa nas últimas décadas.
Em 2018 foi protagonista e narrador da sua própria história, num filme de Miguel Gonçalves Mendes intitulado O Labirinto da Saudade“. O filme adapta a obra homónima e traça uma viagem através da cabeça do pensador português, constituindo-se como uma “homenagem em vida” do realizador ao ensaísta. O tema da Europa, e do lugar de Portugal na Europa, é recorrente de O Labirinto da Saudade, original de 1978, o seu trabalho mais celebrado, e exemplo de “um discurso crítico sobre as imagens que de nós próprios temos forjado”, nas palavras do próprio autor.
Apaixonado pela literatura, referia-se aos livros como “filhos” e dizia que “estar-se sem livros é já ter morrido”. Mas foi sobretudo sobre a poesia, mais do que a prosa, que incidiram os seus ensaios, de Luís de Camões a Miguel Torga, passando por Fernando Pessoa.
Homem de esquerda, mas com uma visão crítica dessa corrente, o ensaísta nunca se deixou enfeudar em qualquer escola de pensamento. Eduardo Lourenço concluiu a licenciatura em 1946, com uma tese sobre O sentido da dialética no idealismo absoluto. Em 1949 partiu para França, a convite do reitor da Faculdade de Letras da Universidade de Bordéus, com uma bolsa de estágio da Fundação Fulbright. Em 1953 iniciou uma carreira académica, tendo lecionado em diversas universidades europeias e americanas, designadamente nas de Hamburgo e Heidelberg, na Alemanha, Montpellier, Grenoble e Nice, em França, e na da Baía, no Brasil, entre outras.
Casou-se com Annie Salamon, em Dinard, em 1954, e, a partir de 1960, passou a viver em França. Cinco anos mais tarde, em 1965, fixou residência em Vence, na região dos Alpes Marítimos, no sudeste francês, mas manteve sempre ligação ao país de origem, refletindo sobre a sociedade portuguesa.
Em 1988, o então professor jubilado da Universidade de Nice recebeu o Prémio Europeu de Ensaio Charles Veillon, pelo conjunto da obra. Em 1996 recebeu o Prémio Camões, e em 2011 o Prémio Pessoa, entre muitos outros.
Entre condecorações e distinções, Eduardo Lourenço recebeu as ordens de Grande Oficial de Santiago e Espada (1981), a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (1992), a Grã-Cruz da Ordem de Santiago e Espada (2003) e a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade (2014).
Ao longo desta terça-feira, a programação da Antena 1 assinala o centenário de Eduardo Lourenço:
- Cada hora da emissão começa com a voz e um pensamento de Eduardo Lourenço;
- Hoje em Um Dia no Mundo, Francisco Sena Santos presta homenagem ao professor e filósofo.
- Depois das 10h, a informação da Antena 1 também destaca este centenário;
- O filósofo será ainda tema de discussão em Uma Noite em Forma de Assim. Depois das 21h, Jorge Afonso recebe o professor José Brissos-Lino e João Céu e Silva para uma conversa sobre a vida e a obra de Eduardo Lourenço.
No último Destacável, Aurélio Gomes recebeu a investigadora Maria Manuela Cruzeiro para falar da obra do filósofo.
Revisite ainda o programa Vidas Que Contam de Ana Aranha, com Eduardo Lourenço: