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Masterclass – Composições e Contactos
Masterclass Antena 1 08 mar, 2017, 16:57

Masterclass – Composições e Contactos

Masterclass – Composições e Contactos
Masterclass Antena 1 08 mar, 2017, 16:57

Masterclass – Composições e Contactos

Nesta página disponibilizamos letras e composições de autores que enviaram os seus trabalhos para o programa “Masterclass”. Independentemente de serem designados para trabalhar com o mentor do programa, João Gil, aqui colocamos visíveis as obras inéditas e propostas. Serve esta página para permitir o contacto entre compositores de modo a um trabalho em conjunto. Quem tem música e procura uma letra, ou vice versa.

A Antena 1 serve apenas de plataforma de informação. O material não pode ser usado sem autorização do próprio. Os contactos que aqui são deixados, permite o contacto com os autores.


"Não me Deixes / Melhor Assim / Salto Alto"
Nome: Francisco Fernando Freitas Cardoso
Contacto: 3fcardoso@gmail.com


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Francisco Fernando Freitas Cardoso


Não me Deixes

Refrão

Não me deixes sozinho
Não partas, agora
Mais difícil é o caminho
Se te fores embora.

Tanto tempo de jornada
Lado a lado, passo a passo
Tanta vida repousada
No calor do teu regaço

Não vivo, senão para ti
Sem ti não tenho sentido
Largo tudo o que vivi
Só para estar contigo

Se tropeça o teu olhar
Corro nessa direcção
Só p’ra to amparar
Com o meu coração

Não me abras esta ferida
Não me deixes a sangrar
Neste intervalo da vida
É duro recomeçar

Melhor Assim

Refrão

Dá-me o teu sim,
Que seja esta noite
Não estou em mim!

Dizes que um dia, hás de ser minha
Mas esse dia nunca mais vem.
Deixas-me em suspenso
À mercê da loucura, já não penso!
Perdi tudo o que havia em mim
Não tenho vida, não tenho ser!
Não respiro, longe de ti!
Deixa-me viver!

Não faças isso, que me atormentas
Se minha esperança ainda acalentas.
Não quero ser, de ti dependente
Não quero ser mais
Um no meio da gente.
Acaba a minha cruz, entrega-te a mim
Vais ver que também tu
Ficas melhor assim!

Salto Alto

Bela silhueta, sainha preta,
Onde baila o vento.
E eu a olhar, o peito a estoirar
Doce encantamento

Quanto mais de perto, maior é o aperto
Do meu coração
O que não daria, pelo seu sorriso
Ou aceno de mão.

Mas quando ela passa
E eu já demente,
Ela nem disfarça, não desmancha a graça
Eu sou-lhe indiferente.

Mesmo desolado, não sei como é,
Fico preocupado ao mirar-lhe o pé.
Saia de cambraia, camisa de seda
E eu em sobressalto
Menina não caia, não quebre e não ceda

Esse salto alto.

"Lancheira da Razão / Corte à Inteligência / Tudo me Aperta / Casa da Alegria / Hotel / Ligeiras Pantominas / Insónia / Uma Certa Vida / Quarteto / Não sei se realmente existo"
Nome: João Vasco Faleiro Fernandes Resende
Contacto: joaores@gmail.com



×
João Vasco Faleiro Fernandes Resende

 

Lancheira da Razão
 
Eu trago um sobrescrito de Lisboa
Com algo que (aqui) não posso contar
Trago o coração aberto
Com algo que não ouso partilhar
 
Foi nessa música estreita e sombria
Com leituras fúteis e desinteressadas
Que te vi acenar ao futuro
Como quaisquer feras enclausuradas
 
Partirei em busca da razão
Regressarei com a tua voz no coração
 
Sigo de roupa enxovalhada e em desalinho
Com uma lancheira de cerveja e tabaco
E ideias transcritas num bloco de linho
 
E todos os sonhos que não vejo
Tudo o palpável não interessa
Apenas só mais um teu beijo
E assim procuro quem me mereça
 
Refrão:
Partirei em busca da razão
Regressarei com a tua voz no coração
 
( e num abrupto saudosismo
patente na face e no olhar
que me faz desejar a vida e o mundo
e por este sentir e lutar)
 
 
Corte à Inteligência
 
Um obscuro som que se reflecte na areia,
Salutar.
 
Algo que não ouso escutar.
Maravilhas babilónicas ao raiar da aurora –
Poderoso sol que renasce em ti e em mim –
Será esta a hora?..
 
Qual discreto esplendor de que me sinto invadir,
Beleza de Éden de que não procuro fugir,
 
Será o auge da coroação
Ou a lâmina que cortará a raiz à podridão?!
 
Um reles dissabor face à existência
Ou o tal corte à inteligência?!.
 
As noites que não vejo
Algo que as nossas pobres almas
Não vislumbram.
Tentaremos outra vez
A procura da eternidade?
 
 
Tudo me Aperta
 
Um silvo que me desperta
A multidão que me aperta.
 
Cépticos seres, longas molduras
Os afazeres, em tantas alturas.
 
Lucidez indesejada, a loucura,
Vil, alcançada;
Morbidez e alienação
A sageza da solidão
 
Tudo me aperta
Necessito outra festa!
 
 
Casa da Alegria
 
O que podemos fazer na Casa da Alegria?!
Conhecer criaturas, provocar monstros e seres,
Irreverentes, maldosos, sem escrúpulos ou companhia.
Tenho uns novos amigos, para consumires ao conheceres.
 
Precisamos de novos amigos, fora deste lugar,
Desta odisseia, alguém para partilhar risadas
Lógicas e claras, para lembrar a hora de navegar,
Vamos partir nas nossas eternas e belas debandadas/jangadas
 
Necessito amigos que não me necessitem…
Faltam alegrias, devaneios, vou navegar outra vez contigo.
Preciso de um amigo, um desejado novo amigo…
Uma criatura repleta do que anseio, alguém, só alguém.
 
Não deitaste os ilustres dados e os sentimentos fora?!
Foi por alguém de gerações de outrora?..
Vamos cantar e brincar, mas sempre a dançar;
Até essa criatura nos ignorar.
 
Refrão:
Barco repleto de flores e peças de jasmim
Hei-de te amar até declararem o impiedoso fim!
 
 
Hotel
 
Chegada ao lustre hotel
Um bocado de fel
Sinto a mentira à volta
Sinto a mentira tão solta
Vejo a mentira tão revolta
No átrio uns pobres palhaços
No salão umas damas reluzentes
As camas em pedaços
Simulada alegria
Areias nada móbeis
Não viram também uns fósseis?!
 
Ela quer uma parte
Daqui é de onde se parte
Sai na derradeira paragem
A tal celeste aragem
No hotel lustre que resplandece
Parcas luzes que não se vê
Ao fundo, ao fundo nem se lê
Infeliz passagem na órbita de Marte
Por onde se parte.
 
Ódio, pena
Madalena: ódio
Que gera ódio
No hotel de fel
Magnânima entropia
No teu batel
Um bocado de fel.
 
Parte-se o caule da alma
Ensanguentadas pétalas
Urge a seiva da morte.
 
 
Ligeiras Pantominas
 
Pantominas, concertinas,
Vê-as sorrir, cair.
 
Sempre uma longa noite, nunca antes o mais certo:
Já, pernoite!
 
Nunca isso, antes uma noite de prazeres
A uma porção de afazeres.
O atalho para o longo caminho
A busca de novo pergaminho.
 
Brazão e clareira,
A sede de outra fronteira
Tens que andar, seguir o meu trilho
Tens que cantar, ser o meu outro andarilho.
 
Memórias de beijos, sufoco de amor,
Sentir mais desejos, mais para lá da dor.
Atrofias com especulação
Contigo tudo: ainda que seja a divina insatisfação!
 
Nunca mais irei ver-te junto a mim…
 
 
Insónia
 
Mais um dia que nasce – outra alvorada –
Mergulho no vale, mais outra jornada.
Sinto um palpitante frenesim,
Algo de incerto corre dentro de mim.
Só acho que uma estranha alegria me invade,
Não se controla, é uma aposta que vem tarde.
Entre névoas te sentes, por alguém que não gostas,
Essas podres existências, viscosas.
 
Rebenta o cerco, expele-te e salta,
Quebra o aperto, junta-te à malta.
Essa dimensão desconcertante,
Qual meio circundante.
 
Lacre demência, a cegueira que se conhece,
Sentida sonolência, sempre que amanhece!
 
Há quem nasça para os estilos formais
E há quem nasça para os vícios abismais.
 
 
Uma Certa Vida
 
Uma certa vida,
Encrespar de pensamentos,
A doce batida,
Alegorias e lamentos.
 
É noite ou dia?
Não sei,
Que magra estadia,
Nada do que eu alguma vez sonhei!
 
Ar quente que imbui a gente,
Fósseis andantes,
Os felizes errantes,
Utópica corrente…
 
Queriam que fosse como dantes?!
A lenta parada,
A cegueira ainda mais tapada.
 
Ocre, vil sujeito,
Lente que me esmaga o peito.
 
Vamos todos em debandada?
Ou deitados calmamente no leito?..
 
Tanto havia para fazer,
Tanto caminho a percorrer.
Tu aí, sentado no alçapão,
Deixa escapar a razão, lógico, bendito querer,
Onde se esconde a própria elucidação.
 
 
Quarteto
 
Terra escura, o fumo envolvente,
Mulheres más, ocioso andar.
O martírio, no mar de gente,
Loucura total: falta o cantar!
 
Insanos ruídos, cruel surdez,
Límpidos túneis, à beira da estrada.
Sentido medo, encobre a altivez,
Incestos: a grande alvorada!
 
Pressão infinita, comida escassa,
Conhecimentos, prazeres, a feira voltou.
Génios loucos, afundam-se na mordaça,
Na sala cheia: o homem não perdoou!
 
A montanha que se move, a sentida melancolia,
A débil engrenagem, sem qualquer abono.
A dama em surdina, delira em euforia,
Num jogral estado: anseio pelo grande sono!
 
 
Não sei se realmente existo
 
 
A incerteza que prevalece
Lógica constatação e sapiência
A virtude que amolece
Dura, mórbida, a inteligência
 
O saco vazio
A airosa caminhada
Belo roteiro, tanto pelo rossio
Como pela tapada
 
Não te quero tocar
Apenas ouvir-te, e assim
Simplesmente contemplar
Esse incógnito frenesim
 
Esqueço o que sou
Lembro-me que penso
Vejo que vejo
Ouço que ouço
Sinto que sinto
Não sei, não sei…
Se, realmente, existo.
 
 
Aurora
 
Djambés, rufos, canto e percussão,
Festa tribal, convívio, a libertação
De um novo lar, ameaço a alegria
Ao chegar qualquer dia.
 
A angústia que me corrói,
A mais dura ferida que não dói,
Mórbido, inverosímil pensamento,
O evitar da chacina, do lamento.
 

 

"O Baile / A Partitura"
Nome: Laurinda Rodrigues
Contacto: laurinda.m.rodrigues@gmail.com


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Laurinda Rodrigues

 

 O Baile

 

Convidei-te para vires dançar comigo

no salão privativo do meu quarto…

Não sei se por engano ou por castigo

disseste logo que já estavas farto.

Tentei o cha-cha-cha, o tango, a valsa;

dei voltas ao salão, quase deitada…

E, finalmente, descobriste a salsa

porque estavas com fome de salada.

P’ra frente e para trás, rasgando o chão

num rodopio já com fim à vista,

resolvi distrair tua atenção

p’ra dança não fugir para outra pista.

Mas tu já estavas fora do compasso

e eu duvidava se a dança é meu destino…

Porque isto de acertar o nosso passo

com um par que nunca foi um bailarino

vai decerto trazer-me frustrações

que nunca mais esquecem no futuro…

Tinha sido melhor cantar canções

que é o teu bailado mais seguro.

 

 

A Partitura

 

Olhei para a pauta e vi um sol maior

que me pareceu simbolizar um rei.

E, nesse tom, pensei que era melhor

usar discretamente aquilo que sei.

 

No meio da multidão, fiquei escondida

à espera de chamar tua atenção…

Parecia estar distante e desprendida

de revelar um jogo de emoção.

 

De tom em tom, já ias no menor,

com um bemol a arredondar o gesto,

quando perdi a calma e com fervor

soltei estas palavras de protesto:

 

Ó Rei! Mas quem tu pensas que tu és?!

Afinal, se és o sol, eu sou a lua

e, em cada noite, ninguém está a teus pés:

sou eu a inspiradora, linda e nua!

 

Numa reviravolta musical,

com toda a partitura já rasgada,

improvisas um coro colossal

onde eu sou a solista iluminada.

 

 

"Vestido de feira e fato de flanela / Horário de jogo / Campêndio do medo / O último fado / A tua alma à minha voz / Silêncio… Proibido / Ninguém ouve o que digo / Palavras que saltam / O meu espelho / Duas linhas simples de letra grande / Horário de Jogo / Compêndio de medo / O último fado /  A tua alma à minha voz / Há histórias fantásticas"
Nome: Raul Alberto Carrilho Cordeiro
Contacto: raulcordeiro@sapo.pt




×
Raul Alberto Carrilho Cordeiro

 

Vestido de feira e fato de flanela

 

é tão grande a distância
e grave a ideia
de ter a tua concordância
ver a tua odisseia
e assistir na plateia

não me deixaste tocar-te
nem com a ponta de um dedo
desviaste de mim o olhar
nem desvendas-te o segredo
nem por coragem nem por medo

fiquei eu meio sem jeito
e equipado a preceito
tu airosa e sobranceira
no teu vestidinho
de tecido de feira

nem me valeu a gravata
nem o fato de flanela
valia mais uns calções
e um jeito de acrobata

e em circo se tornou
este nosso desencontro
raio, corisco e estrela
um vestido de feira
e um fato de flanela

é tão grande a distância
e grave a ideia
de ter a tua concordância
ver a tua odisseia
e assistir na plateia

não me deixaste tocar-te
nem com a ponta de um dedo
desviaste de mim o olhar
nem desvendas-te o segredo
nem por coragem nem por medo

 

 

Horário de jogo (letra de música)

 

O lume que acendes
É da cor dos teus olhos
Vou apagá-lo com um beijo

Depois
De escrever versos simpáticos
Puxo os galões de catedrático
E vou estudar-te…

Vou ler …
As tuas frases ao contrário
Decifrar o teu horário
E sonhar…
Vou ver …
O brilho 
Dos teus olhos nos meus
E os meus beijos chocarem com os teus

O lume que apago
É quase da cor do fogo
Escolhe tu as regras 
Deste jogo

Já não sei o que sentir
Nem escrever nem dizer
Escrevo versos no desejo
De apagar os teus com um beijo

Vou ler …
As tuas frases ao contrário
Decifrar o teu horário
E sonhar…
Vou ver …
O brilho 
Dos teus olhos nos meus
E os meus beijos chocarem com os teus

 

 

Compêndio do medo


O medo é a linha que separa
O teu mundo do meu
A minha existência é pouca e rara
O meu destino incompleto sem o teu

Sou apenas um homem simples
Traído pelas árvores e pelos pássaros
Parvo e louco de ciúmes
Em edifícios pouco claros

O medo é essa coisa absurda
De língua amarga e afiada
Faladora, tagarela e linguaruda
De garganta fria e cansada

O medo é a linha que separa
O teu mundo do meu
A minha existência é pouca e rara
O meu destino incompleto sem o teu

 

 

O último fado

 

Quando um dia

Tiveres à tua volta

Mármore branco por todo o lado

Não chores nem grites

Não teres dito o teu fado

Perdeste a voz

Antes da festa começar

Perdeste o espaço e o tempo

Sepultaste na tua voz a razão

Quando um dia

Te disserem coisas vãs

Não chores não grites

Canta apenas teu fado

Todas as manhãs

Que seja feita a vontade do destino

Quando um dia

Tiveres à tua volta

Mármore branco por todo o lado

Não chores nem grites

Não teres dito o teu fado

 

 

A tua alma à minha voz

 

Numa voz clara e cristalina

Embalas-me nesse teu fado

Meu corpo não quer, não espera

Fica apenas envergonhado

Oiço-te na calma da tarde

Veloz e ligeira

A tua voz nessa melodia

Meus olhos não querem

Minha boca não diz
Para te ouvir

O que eu daria

Numa voz doce e singular

Fico a ouvir esse teu fado

Minha boca não fala, não grita

Fico apenas atarantado

Quem foi que disse

Que se canta fado por vontade

E amarrou a guitarra à voz

Quem foi

Que amarrou o rio à foz

E a tua alma à minha voz

Numa voz clara e cristalina

Embalas-me nesse teu fado

Meu corpo não quer, não espera

Fica apenas envergonhado

Numa voz doce e singular

Fico a ouvir esse teu fado

Minha boca não fala, não grita

Fico apenas atarantado

 

 

Silêncio… Proibido

 

Silêncio

Proibido falar

Ardem os ponteiros

De um tempo por chegar

Não sei pedir ao tempo

Que chegue devagar

Silêncio

Proibido calar

É na tua voz

Que sinto o tempo chegar

Quem tem medo

Quem cala

Quem não guarda

A voz em segredo

Silêncio

Proibido cantar

É nestes versos que canto

Canções de imaginar

E imagino

Que é imaginativo pensar

Silêncio

Proibido imaginar

 

 

Ninguém ouve o que digo

Valerá a pena acordar mais cedo
Para ficar com os pés fora do cobertor
Se o sol nasce todos os dias
Mesmo quando não está calor

Ninguém ouve o que digo
Vou gritar sempre que quiser

Cobro a um cêntimo uma lágrima de felicidade
Barato ou caro quem sabe
Faço saldos em conformidade
Antes que suba o preço e o mundo acabe

Ninguém escuta o que oiço
Vou calar-me se quiser

Ando ao vento e à tempestade
Tapo a boca e calo-me bem caladinho
Não sei se sou o que quero ser
Mas sou pelo menos um bocadinho

Ninguém ouve o que digo
Vou gritar sempre que quiser

Ninguém escuta o que oiço
Vou calar-me se quiser

 

 

Palavras que saltam

Engulo às vezes em seco o que digo

Prendo-me ao verbo

Ou salto as palavras

Sou do caderno mendigo

São as palavras que saltam

Tontinhas por cima de mim

Saltam-me da língua, velozes

As palavras são assim

No fim do texto acabado

Fico mudo, com medo, talvez

Que as palavras me saltem

Para dentro de mim outra vez

Não vou chorar

Nem penso em calar

Não vou sorrir

Não penso desistir

 

 

O meu espelho

 

Olhei triste para o espelho

Quebrou-se o feitiço no chão

Li o meu nome no chão

E fiquei de boca aberta

Quase dei um tropeção

Olhos feridos de olhar para mim

Fiquei logo iludido

Pus-me logo a imaginar

Ficar cego de olhar para mim

Limpei tudo bem limpinho

Varri vidros pelo chão

Olhei os meus olhos no chão

Fiquei só a meditar

Como se fosse um vidente

Como se de repente assim

Ficassem os meus olhos a olhar para mim

O destino quis quebrar

No chão triste o meu olhar

Num dia perto do fim

Um olhar a olhar para mim

Minha tristeza subiu de tom

Fez-se noite perto de mim

Fiquei com espelho no olhar

De uns olhos a olhar para mim

Fiz-me forte e num repente

Deitei fora uma ilusão

Os meus olhos cruzam-se assim

Tristes com outros

Olhando por mim

Olhei triste para o espelho

Quebrou-se o feitiço no chão

Li o meu nome no chão

E fiquei de boca aberta

Quase dei um tropeção

Olhos feridos de olhar para mim

 

 

Duas linhas simples de letra grande

 

Se eu me pudesse dividir ao meio

Sem vírgulas ou pontos finais

Ou parágrafos intencionais

Um texto corrido, de caracteres loucos

Especiais

Sem nós nem laços

Travessões, discursos directos ou embaraços

Assim como uma redacção da escola

Duas linhas simples de letra grande

Ilusão de óptica dos espaços

Para parecer mesmo grande

Tirada da cartola

Se eu me pudesse dividir ao meio

Seria esta uma parte de prosa

Teórica, esquemática

Escrava do morfema

E a outra fácil de adivinhar

O mais simples poema

 

 

Horário de jogo


O lume que acendes
É da cor dos teus olhos
Vou apagá-lo com um beijo

Depois
De escrever versos simpáticos
Puxo os galões de catedrático
E vou estudar-te…

Vou ler …
As tuas frases ao contrário
Decifrar o teu horário
E sonhar…
Vou ver …
O brilho 
Dos teus olhos nos meus
E os meus beijos chocarem com os teus

O lume que apago
É quase da cor do fogo
Escolhe tu as regras 
Deste jogo

Já não sei o que sentir
Nem escrever nem dizer
Escrevo versos no desejo
De apagar os teus com um beijo

Vou ler …
As tuas frases ao contrário
Decifrar o teu horário
E sonhar…
Vou ver …
O brilho 
Dos teus olhos nos meus
E os meus beijos chocarem com os teus

 

 

Compêndio do medo


O medo é a linha que separa
O teu mundo do meu
A minha existência é pouca e rara
O meu destino incompleto sem o teu

Sou apenas um homem simples
Traído pelas árvores e pelos pássaros
Parvo e louco de ciúmes
Em edifícios pouco claros

O medo é essa coisa absurda
De língua amarga e afiada
Faladora, tagarela e linguaruda
De garganta fria e cansada

O medo é a linha que separa
O teu mundo do meu
A minha existência é pouca e rara
O meu destino incompleto sem o teu

 

O último fado

 

Quando um dia

Tiveres à tua volta

Mármore branco por todo o lado

Não chores nem grites

Não teres dito o teu fado

Perdeste a voz

Antes da festa começar

Perdeste o espaço e o tempo

Sepultaste na tua voz a razão

Quando um dia

Te disserem coisas vãs

Não chores não grites

Canta apenas teu fado

Todas as manhãs

Que seja feita a vontade do destino

Quando um dia

Tiveres à tua volta

Mármore branco por todo o lado

Não chores nem grites

Não teres dito o teu fado

 

 

A tua alma à minha voz

 

Numa voz clara e cristalina

Embalas-me nesse teu fado

Meu corpo não quer, não espera

Fica apenas envergonhado

Oiço-te na calma da tarde

Veloz e ligeira

A tua voz nessa melodia

Meus olhos não querem

Minha boca não diz
Para te ouvir

O que eu daria

Numa voz doce e singular

Fico a ouvir esse teu fado

Minha boca não fala, não grita

Fico apenas atarantado

Quem foi que disse

Que se canta fado por vontade

E amarrou a guitarra à voz

Quem foi

Que amarrou o rio à foz

E a tua alma à minha voz

Numa voz clara e cristalina

Embalas-me nesse teu fado

Meu corpo não quer, não espera

Fica apenas envergonhado

Numa voz doce e singular

Fico a ouvir esse teu fado

Minha boca não fala, não grita

Fico apenas atarantado

 

 

Há histórias fantásticas

 

Adormeci hoje a pensar que acordava daqui a uns anos
Num apeadeiro nas crateras da Lua
Onde das estrelas caíam palavras
Que faziam um texto de uma frase nua
Onde, no Mar da Tranquilidade
As pessoas perdiam a idade
Onde não se criavam raízes
E podiam ser eternamente felizes
Onde por entre naves espaciais
Voavam borboletas e flores magistrais
Pássaros Fénix imortais
E aí esperava por ti
Da tua carreira regular de Vénus
Com escala breve por aqui
Fato espacial branco cru
Por cima de um corpo nu
Olhaste e vieste a mim
Onde os semáforos espaciais eram folhas de plátano
Que só mudavam de cor nas estações siderais
Onde o tempo era imponderável
Mas o solo pouco arável
E por isso as flores cresciam no ar sem ar
E não podiam parar a idade
Nem a força da gravidade
Foste breve no olhar mas lenta no respirar
Rarefeito o ar e o teu escutar
Tinhas pressa do espaço e da sua arte
Das velocidades de anos-luz
Dos cruzamentos com Marte
De um voo espacial nocturno
Com passagem por Saturno
Pressa a amores sempre fiéis
De tocares os seus anéis
Agora de saída após a tua partida
Contemplo essa bola azul
De senhora e eterna idade
Onde tudo é terreno e destino
Onde podia tocar-te sem esse fato espacial
Sem que levasses a mal
Onde a gravidade nos agarra à terra
Onde podemos ser pensamento
Mesmo triste
Mas onde a vida existe
É só ela mesmo responde
Quando a Lua se esconde

 

 

"Segundo / Wikilixe / Manha e falso prestígio (homenagem a Almada Negreiros) / Diz que disse / Não faz mal / "
Nome: Teresa Maia e Carmo
Contacto: tmcarmo@hotmail.com




×
Teresa Maia e Carmo

Segundo
 
Quando te reencontrei
Desmaiei por um segundo
Um segundo inteirinho
A lembrar-me o que enterrei
 
Não te vi durante anos
Não me olhaste
Nem fizeste danos
Como é que respiramos?
 
Tudo à volta ressuscitou
As coisas, os sons e os olhos
Já não de vidro, embalsamados
Alguma coisa estoirou
Na cara dos dias sossegados
 
Vem à minha procura
Não me faças confessar
Que só quero a tua cura
Agora que percebo
Que os dias passam devagar
Mas os anos passaram a voar.
 
 
Wikilixe
 
Eu sei que tu sabes
Que eu não sei
Mas o que interessa o que sabes
Num mundo que eu dominei?

REFRÃO:
Cai na real ó cota
O que te digo é ksalixe (liqsse)
Esquece lá mas é o tal de apocalipse

Não estudo, nem estudei,
Quero ir para DJ
Crio e ponho no Face
Tudo no meu próprio pace

REFRÃO

Julgas que é o apocalipse
Por eu não saber quem são
O Churchill ou o Napoleão
‘tá tudo na net, curte a comédia
Quando não sei vou à wikipedia

REFRÃO

O 25 de Abril é tótil
A ditadura foi uma chatice
Mas agora o pessoal curte
Como se a vida fugisse

Manha e falso prestígio (homenagem a Almada Negreiros)

É só manhosos
É só venenosos
O trabalho está pouco
O emprego está fraco
Tens de trepar para lá chegar
Pisa o do lado, esse parvalhão
Faz tudo certinho só para chatear.

O chefe gostou? Vou fazer mais
E pelo caminho intrigas brutais
Há que varrer os tipos das regras
Pô-los a lamber o trilho das pedras

Ficou a doer?
Quero lá saber
Sou empreendedor, amo o lifestyle
Só como gourmet, já nem sei porquê

Ao pequeno-almoço tomo piranha
Com esta farpela estou um senhor
Sigo sempre a estratégia da aranha
Não percebo para que serve o amor

Mete uma patranha,
puxa pela manha
Arrasa-o no insta
Desgosta no Face
Põe-no na lama.

É só manhosos
É só venenosos
Querem capas e fingem que não
Na sua argúcia de betão

Armam-se em cândidos
Falso prestígio
Mas do Voltaire, oh que prodígio
Nem a sombra do mínimo vestígio.


 
Diz que disse
 
Diz que disse
Diz que fez
Não há direito, tu já viste?
 
Esta coisa da pequenez
Que alimenta o mal dizer
O tuga fixe, o português
Não aguenta ver o outro a ser
 
Ai que se cumpre e eu ‘prá qui
Porquê Deus meu, porquê?
Quem não sabe é como quem não vê
Diz que disse
Diz que fez
 
Logo a mim que só quero estar quietinho
Não me metam em políticas
Não gosto de confusões
Só quero passar maneirinho
Não gosto de multidões
Detesto associações
É melhor olhar de lado
Disfarçar e passar à frente
Ó pra eles só a armar
Querem é dar que falar
Pra passar à frente da gente
 
Eu cá não sou de intrigas
Mas…tu já viste?
Diz que disse
Diz que fez
Olha a lata
A desfaçatez
 
Chapéus há muitos seu palerma
Vê mas é se tens cá disto,
Evaristo duma figa
Ó careca tira a boina
O que eu quero é ir à Coina
 
Também lho digo pela frente
E nem gosto de fofoca
Mas aquela badalhoca
Tu já viste?
Diz que disse
Diz que fez


 
Não faz mal
 
Se o peito te aperta
Não faz mal
Eu respiro por ti
 
Se a distância nos fere
Não faz mal
Eu corro por ti
 
Se a minha falta te mata
Não faz mal
Eu morro por ti

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