Pode o Festival da Canção ajudar-nos a contar a história política, social e cultural do nosso país nos últimos 60 anos? Este é o ponto de partida para a série (áudio) “Quis Saber Quem Sou”, um podcast que terá versões distintas, uma com música, a escutar em exclusivo na plataforma RTP Palco, outra, sem canções mas com mais elementos de conversa, para ouvir no Spotify, Apple Podcasts e Google Podcasts.
Os dois primeiros episódios de “Quis Saber Quem Sou” estarão disponíveis a 20 de fevereiro, surgindo os restantes, ao ritmo de um por semana, a cada terça-feira.
“Quis Saber Quem Sou” parte de conversas de um painel fixo constituído por João Carlos Callixto (investigador musical da RTP) e Sofia Vieira Lopes (musicóloga e investigadora da Universidade Nova de Lisboa), com moderação de Nuno Galopim. Para cada episódio são convidados historiadores, musicólogos, académicos na área da comunicação e jornalistas.
O primeiro episódio “Um Sonho Europeu”, escuta memórias de 1964 e 1965, contando com a presença da historiadora Irene Flunser Pimentel. No segundo “Sinais de Modernidade”, que nos leva a caminhar entre 1966 e 1968, tem como convidado o historiador Luis Trindade.
Apesar de ser de 1965 o célebre discurso de Salazar que fala de um Portugal “orgulhosamente só” o desafio de participar na Eurovisão em 1964 surge assim num tempo de aparente contrassenso. O que levou Portugal a querer escolher uma canção para apresentar na Europa… Como a escolheu? Que vozes foram consideradas? E como evoluiu, nesses primeiros anos, um concurso – o então Grande Prémio TV da Canção – que procurava responder a um eventual sonho europeu e à eclosão de uma cultura juvenil, mas num país em guerra (em África)?
Numa década em que do território insuspeito da canção pop de três minutos surgiam faróis que ajudavam a nortear a sociedade, ditando modas e pondo em causa o status quo, um país pára quando Madalena Iglésias canta “Ele e Ela”, quando Eduardo Nascimento proclama que “O Vento Mudou” ou quando Simone comete a “Desfolhada” (respectivamente, em 1966, 1967 e 1969). Portugal estava em ebulição e o palco do Festival RTP da Canção era também um lugar apetecível para lançar mini-revoluções. Foi para as conhecer melhor que nos reunimos neste programa, esperando que cada emissão seja uma janela temporal própria, com ecos de fora trazidos por cada um dos convidados.