A questão foi já lançada na semana passada: pode o Festival da Canção ajudar-nos a contar a história política, social e cultural do nosso país nos últimos 60 anos? “Quis Saber Quem Sou”, é um podcast com versões distintas, uma delas com música (a escutar para já em exclusivo na plataforma RTP Palco), a outra, sem canções mas com mais momentos de conversa, para ouvir no Spotify, Apple Podcasts e Google Podcasts.
Depois dos dois primeiros episódios lançados em simultâneo a 20 de fevereiro, eis que hoje surge o terceiro (com o título “A Idade de Ouro”), surgindo os restantes, ao ritmo de um por semana, a cada terça-feira.
“A Idade de Ouro”, que tem como convidado o musicólogo Rui Vieira Nery, leva-nos ao intervalo entre 1969 e 1972 que assiste à emergência de uma nova geração de nomes da história do Festival da Canção, entre os quais os de José Carlos Ary dos Santos, Nuno Nazareth Fernandes, Fernando Tordo, Paulo de Carvalho, Tonicha, Hugo Maia de Loureiro, José Calvário ou José Luis Tinoco, que assim se juntam aos de Pedro Osório, Carlos Mendes e José Cid, que haviam já entrado em cena em 1968. Em 1969, a vitória de Simone de Oliveira com “Desfolhada” abria uma fresta na ordem moral instituída, sendo este um dos sinais a descodificar neste episódio que tem por pano de fundo um tempo em que Marcello Caetano chefia o governo, dividido entre um sonho europeu e a manutenção dos cenários de guerra em África. Era um tempo de mudança, com as eleições de 1969 e a entrada na então Assembleia Nacional dos deputados da Ala Liberal, alguns dos acontecimentos históricos abordados neste episódio.
“Quis Saber Quem Sou” parte de conversas de um painel fixo constituído por João Carlos Callixto (investigador musical da RTP) e Sofia Vieira Lopes (musicóloga e investigadora da Universidade Nova de Lisboa), com moderação de Nuno Galopim. Para cada episódio são convidados historiadores, musicólogos, académicos na área da comunicação e jornalistas.