ANA CAROLINA – #AC
"Combustível" é o nome do single de avanço do novo álbum de Ana carolina "#AC" que chegou às lojas em Julho.
Álbum já
disponível digitalmente no Music Box e iTunes
Em ponto de fervura, #AC expõe a
diversidade da música de Ana Carolina em disco de tons e assuntos
contemporâneos que concilia scratches e Chico Buarque.
A tradução do tempo
da artista
Em ponto de fervura, #AC
expõe a diversidade da música de Ana Carolina em disco de tons e assuntos
contemporâneos que concilia scratches e Chico Buarque
"Uma parte de mim
pesa, pondera.
Outra parte delira.
Uma parte de mim
é permanente.
Outra parte
se sabe de repente."
(Traduzir-se, Ferreira Gullar)
Talvez nem os versos do poeta
sejam suficientes para traduzir a diversidade da música de Ana Carolina, uma
das artistas mais completas e populares do Brasil, cantora e compositora que,
em 14 anos de carreira, já contabiliza 22 músicas em bandas sonoras de novelas
e dois milhões de seguidores no Facebook. Caracterizado por essa diversidade, o
sexto álbum de originais da artista, #AC, vai ser lançado pelo
selo da cantora, Armazém, com distribuição da Sony Music, simultaneamente com a
digressão norte-americana por sete cidades dos EUA um ano após Ana Carolina ter
gravado com Tony Bennett a canção The very thought of you.
#AC é disco
que aponta em uma direção pop, com uma mistura quente e explosiva como o refrão
de Combustível (Ana Carolina e Edu Krieger) – a balada que já virou
êxito instantâneo e que turbina cenas da novela Amor à vida – e como Libido*
(Ana Carolina e Edu Krieger), faixa direcionada para as pistas e impregnada de
vocais sensuais (feitos pela própria Ana). Libido exemplifica o ponto de
fervura que mantém elevada a temperatura de #AC. (*Libido
estará presente apenas na versão física do álbum).
Conectado com o seu tempo, #AC
expõe uma multiplicidade conceitual que concilia desde scratches do DJ
Cia – um dos mais hábeis do Brasil na arte do scratch – aos vocais de
Chico Buarque de Holanda, convidado ilustre do samba Resposta da Rita
(Ana Carolina e Edu Krieger).
Disco de tons e assuntos
contemporâneos, que conecta Ana Carolina com temas atuais como as facilidades e
atribulações do iPhone, #AC foi pilotado por Alê Siqueira – um
dos mais requisitados produtores da atualidade – e pela própria artista com mix
renovador de percussões (as de Leonardo Reis e Marcos Suzano), programações
(pilotadas pela equipa que inclui Mikael Mutti, o renomado DJ Cia, Alê Siqueira
e a própria Ana Carolina) e scratches. Não há bateria. É um disco de groove
e contrastes pautado tanto pela parte de Ana que experimenta e ousa, como na
parceria com Guinga em tema, Leveza de valsa, produzida e escrita por
Ana com precisão buarquiana, como pela parte que é permanentemente
fluente no domínio do idioma pop. É quando a cantora e compositora fala a língua
do povo em músicas como Pole dance (Ana Carolina e Edu Krieger), faixa
de #AC que perfila a garota de programa que "Sabe entreter /
Tem troco pra cem / Bota pra ferver / Não troca o nome de ninguém" com
metais em brasa arranjados pelo mago Lincoln Olivetti.
#AC ‘bota
pra ferver’ e traz na sua mistura 12 músicas inéditas selecionadas entre as
cerca de 50 compostas por Ana Carolina ao longo dos últimos anos. Com a
autoridade de quem coleciona grandes sucessos, a maioria na sua voz grave e
quente, outros nas vozes de cantoras como Maria Bethânia (Pra rua me levar,
2001) e Mart’nália (Cabide, 2005), Ana Carolina conhece a força de um
refrão – e há vários que ‘grudarão’ nos corações e mentes de seu público,
diversificado como a sua obra – e de um gancho melódico que capture a atenção
do ouvinte.
A tarimba de compositora versátil
salta aos ouvidos ao longo de #AC, cuja temperatura elevada
contrasta com a atmosfera cool do álbum anterior de Ana Carolina, N9ve
(2009), trabalho de climas e vocais amenos. Contudo, a presença recorrente de
Alê Siqueira na co-produção e a busca do requinte harmónico na formatação de
composições de teor popular são heranças de N9ve.
O mix de sons orgânicos –
representados sobretudo pelas percussões de Leonardo Reis e Marcos Suzano e
pelas guitarras de Pedro Baby – com batidas eletrónicas dá o tom contemporâneo
do disco. Em Esperta (Ana Carolina, Chiara Civello e Edu Krieger), faixa
que se conecta a Pole dance e a Libido, as programações foram
pilotadas a oito mãos por Alê Siqueira, Chiara Civello (a cantora e compositora
italiana com quem Ana Carolina firmou parceria em Nove), DJ Cia e Mikael
Mutti (baiano ‘arretado’ que vem destacando-se nesse universo eletrónico). Em Esperta,
Ana Carolina joga na pista a dança das paixões. "Sei do inferno que eu criei
/ Na sua vida / Por isso é que você me quer / Então vai ter que me encarar",
avisa a cantora no refrão ganchudo.
Já em evidência nas rádios
brasileiras, na novela das nove e na internet, Combustível é uma das
cinco faixas de #AC que têm Edu Krieger – carioca que despontou
em 2006 como um dos mais talentosos compositores da sua geração – como parceiro
de Ana Carolina, sedimentando conexão, que já rendeu músicas como o samba Pra
tomar três, lançado no espectáculo Ensaio de cores (2010). É, na
definição de Ana, uma parceria "viva", na qual ambos criam letra e música
juntos, sem regras e sem delimitação de funções. No caso de Combustível,
a intenção foi fazer uma música acessível e inflamável, de comunicação
imediata, sem cair na simplicidade harmónica. Resultado da evolução natural da
compositora, passagens dissonantes na primeira parte da música orgulham Ana
Carolina de conseguir conectar dois mundos musicais habitualmente distantes.
Em essência, #AC é
disco de conexões. Por isso, o hashtag (#) – símbolo virtual que aponta
palavras-chave no diálogo sucinto do Twitter – do título do álbum soa natural. #AC
é um registo do presente que eventualmente também se liga sem saudosismo ao
passado. Tal link é exemplificado no samba Resposta da Rita,
composto por Ana e Krieger em alusão a um dos primeiros sambas de Chico
Buarque, A Rita, composto em 1965 e lançado pelo autor em gravação de
1966 usada por Ana como música incidental. A ideia da resposta foi de Maria Bethânia.
No samba de 2012, Ana entra na pele da Rita – a que teria levado o sorriso e o
assunto do personagem do samba de Chico – para dar a sua versão dos fatos após
ter ficado calada por quase 50 anos. "Não levei o seu sorriso / Porque
sempre tive o meu / Se você não tem assunto / A culpada não sou eu",
argumenta Rita, retrucando versos como "A Rita levou meu sorriso / No
sorriso dela, meu assunto".
O detalhe luxuoso é que Ana /
Rita apresenta a sua resposta na presença ilustre de Chico Buarque, que canta
os versos do seu samba original numa região vocal mais grave para se ajustar ao
tom da faixa. Primeiro ouve-se em #AC somente a Resposta da
Rita. Depois, a resposta é intercalada com os versos de Chico. Detalhe: a
harmonia do samba de Ana é a mesma do samba de Chico, capricho e orgulho da
compositora.
O link presente-passado é
replicado em Pelo iPhone, faixa que ilustra a tendência de Ana Carolina
de abordar assuntos atuais em #AC. A faixa, que insere células
rítmicas do samba nas programações de Alê Siqueira e Mikael Mutti, alude já no
título a Pelo telefone (Donga e Mauro de Almeida), tema de 1917 que é
tido como o marco inaugural do samba. Pelo iPhone é parceria de Ana com
o amigo Antonio Villeroy, autor do seu primeiro sucesso, Garganta, e
compositor sempre presente nos seus discos. Pelo iPhone bate na tecla e
trata com humor dos torpedos perigosos que podem denunciar traições e abalar
relações."Por mais que eu delete o seu nome / Mesmo assim você não some, não
some, não some", dizem versos queixosos da letra.
Outra canção quente de #AC,
Mais forte (Ana Carolina, Chiara Civello e Bungaro), é canção passional
que ganha a moldura de um tango – em arranjo que remete à arquitetura de Dez
minutos, sucesso do CD N9ve – e que apresenta mais um refrão forte
do cancioneiro de Ana Carolina entre versos inflamados como "Eu rasgo os
tecidos que lavam meus sonhos / Eu ando enxergando por trás dos meus olhos".
Co-autor de Mais forte, Bungaro – para quem não liga o nome à sua música
– é cantor e compositor italiano que está em cena desde 1988, bastante
conhecido em seu país natal.
Além de Bungaro, #AC
inclui outros novos nomes entre os parceiros de Ana Carolina. Bang bang 2
– música turbinada com arranjo que simula na introdução o clima de um faroeste -
é parceria de Ana com Rodrigo Pitta, cantor, compositor e diretor teatral de
São Paulo. No tiroteio entre programações, percussões e guitarras
(curiosamente tocadas por Liminha enquanto Ana Carolina assume o baixo
elétrico), Bang bang 2 representa bem #AC por ser convite
à dança, à festa, à celebração da vida. "Essa noite eu quero dançar / Essa
noite eu vou derreter / E quem sabe até encontrar / Alguém melhor que você",
diz o refrão caloroso.
Canção pra ti inaugura
a parceria de Ana Carolina com Moreno Veloso e Carlos Rennó. A extensa letra
lista ícones de diversas formas de arte para tentar dimensionar a paixão que
move a personagem da música a compor uma canção para o ser amado. Uma canção
que "(…) Fique no Youtube e se remixe / E passe como tudo, mas se fixe".
Paixão e vontade que, aliás, movem Ana Carolina como compositora na criação de
obra que perpetue e seja regravada no futuro.
Sem se desviar do seu trilho de
sucesso, Ana Carolina tem feito canções que não aceitam rótulos ou seguem
fórmulas estabelecidas. #AC regista para a posteridade uma delas,
Un sueño bajo el agua, parceria com Chiara Civello, produzida pelas
cantoras com Alê Siqueira. Un sueño nasceu da despretensiosa vontade da
artista de ter uma música que traduzisse as imagens de vídeo subaquático que
havia filmado e editado, já que atualmente é movida pela sua nova paixão de
dirigir seus próprios videoclipes. Com a sua inusitada linha melódica e com
verso cantado em intencional portunhol, Un sueño bajo el agua chegou ao
topo das paradas de uma rádio carioca, sinalizando que a assinatura de Ana
Carolina numa canção experimental já é, por si só, uma ‘grife’, um passaporte
para o sucesso. Uma proeza para uma canção de versos também inusitados como "Alter
ego Google prazo / Rio culpa copa afago / O Daime download, uma inundação / Um
café uma fé digital / Gestos acrílicos Moma Mdma / Ipanema foi mal".
Apresentada como faixa-bónus por
destoar do conceito pop musical do disco (assim como a balada Luz acesa,
já em rotação na banda sonora da novela Flor do Caribe), Leveza de
valsa – primeira parceria de Ana Carolina com o compositor e violonista
carioca Guinga, feita originalmente para a banda sonora do filme Meu
país (2010) – também gerou videoclipe filmado sob a direção da cantora
e participação do músico. Feita especialmente para o disco, a gravação ouvida
em #AC é inédita e ostenta cordas arranjadas pela própria Ana
Carolina, produtora da faixa. O virtuoso violão de nylon tocado por Guinga está
na alma do tema, em sintonia com o violão de Ana. E, como a cantora tem
enfatizado ao falar da música, é necessário conhecimento pleno do
instrumento para estar em perfeita harmonia e equilíbrio em uma parceria com o
Guinga. "O violão e suas infinitas possibilidades é o elo que nos uniu, que nos
aproxima", ressalta a artista.
Com os seus grooves, os
seus violões, as suas programações e os seus versos inflamados, #AC traduz
a diversa alma musical de Ana Carolina. Impregnado de atualidade, #AC é,
em última instância, a tradução do tempo de Ana Carolina.
Por
Mauro Ferreira, maio de 2013.
Alinhamento
#AC
1. Pole Dance
2. Esperta
3. Combustível
4. Resposta da Rita (feat. Chico
Buarque)
5. Pelo iPhone
6. Mais Forte
7. Bang Bang 2
8. Canção Pra Ti
9. Un Sueño Bajo el Agua (feat.
Chiara Civello)
10. Luz Acesa
11. Leveza de Valsa (feat. Guinga)
Site oficial: www.ana-carolina.com
Facebook: www.facebook.com/anacarolinaoficial
Youtube: www.youtube.com/anacarolinavevo
Twitter: https://twitter.com/sigaanacarolina