14 Viagens musicais que juntam um musico-compositor a dois
escritores.
Ana Sofia Carvalheda conversou com João Afonso…
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Sangue Bom
Três autores, dois escritores e um
músico/cantor, sem pátria definida. Uma pitanga de verde mar construída como
uma narrativa de histórias e mistérios de Mia Couto e de José Eduardo Agualusa
com a musicalidade de João Afonso.
São canções de amizade, fraternidade,
de amor e contos sobre o paradigma perdido da infância. São afirmações com
melodia de uma identidade lusófona, sem raça, com estradas de terra, cacimbo e
lagartos ao sol numa grande casa branca. Um domínio de afetos humanos musicais
entre Portugal, Moçambique e Angola.
É um trabalho de sonoridades híbridas,
mas únicas, que ficaram no subconsciente coletivo de pessoas que se cruzaram
num espaço nosso e que existe entre os três povos tal como entre os autores.
Há como a invenção de um novo
território, onírico, traduzida nas diversas colaborações entre autores e
músicos, com a riqueza dos arranjos de Vitor Milhanas a realçar esta sonoridade
lusófona.
A voz de João Afonso, também ele fruto da história pois é um músico
luso/moçambicano, numa combinação
perfeita com dois amigos, dois escritores, poetas consagrados e de grande
qualidade: José Eduardo Agualusa, de Angola, e Mia Couto, de Moçambique.
"Conheci o João Afonso enquanto ambos errávamos por
agronomia. Foi ali que o vi nascer como músico. As suas canções têm vindo,
desde então, a acompanhar-me ao longo da vida, enquanto escrevo, e acredito que
os meus livros são melhores por isso.
A possibilidade de fazer parte de algumas dessas canções,
ainda por cima ao lado de Mia Couto, é para mim uma festa. Obrigado, João".
José Eduardo Agualusa
"João
traz-me, na voz, a infância e, nas canções, Moçambique. Com João Afonso e José
Agualusa sentamo-nos na mesma varanda e ficamos desfiando conversa
cantada. E fomos, os três, nessa cantiga. Culpa do João: nunca mais houve
regresso"
Mia Couto
Sangue Bom
Uma fusão de sonoridades contemporâneas mediadas organicamente com uma instrumentação variada que vai de guitarras a kissanges, de trikitinas e marimbas a violas, temperadas com a voz de João Afonso.
Um mapa de cores da diáspora Portuguesa, uma aventura musical sob a batuta de Vitor Milhanas (Produção arranjos e direcção musical).
De Portugal um realce especial ao Percussionista Quiné teles, dando alma ao trabalho rítmico de Vitor Milhanas em “Sangue bom”.
Vitor Milhanas (baixo elétrico e contrabaixo), António Afonso (voz), António Pinto, Miguel Fevereiro, Rogério Cardoso Pires, Manuel Rocha e José Moz Carrapa (guitarras), José Tavares (alaúde),João Barroso (flautas), Paulo Curado (sax soprano e alto), Luísa Gonçalves (piano), Manuel Maio e Dinora Martins (cordas), Ruca Rebordão e António Pedro (percussões e bateria) Moisés Fernandes (trompete e fliscorne), Fausto Ferreira (teclados e sintetizadores) Edu Miranda (bandolim, Brasil) Paulo Fragoso (trombone) e João Lucas (acordeão, piano e responsável por pré-produção).
De Moçambique um dueto com Stewart Sukuma (voz) e as guitarras de Costa Neto e de Mingo Rangel.
De Angola a voz de Aline Frazão e o coração da guitarra e kissange de Mário Rui.
Do Brasil, Fred Martins (voz e guitarra).
Da Galiza o maestro Anxo pintos (sanfona) e do País Basco Kepa Junkera (trikitina e txalaparta).
Alinhamento:
1-Estrada do Sumbe
2-Na grande casa branca
3-Astros
4-Sangue bom
5-Lagarto
6-Sem volta
7-verde para crer
8-A paixão só atrapalha
9-Cançao pitanga
10-Onde o amor termina
11-Sementes
12-Canção de despedida
13-A dor e o tempo
14- Canção de Goa